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Putin faz proposta à Ucrânia e acena com o cessar-fogo

Os Estados unidos afirmam que o presidente russo não está em posição de fazer exigências a Kiev para que aceite negociações de paz. A Ucrânia rejeitou de imediato o cessar-fogo proposto esta sexta-feira por Putin.

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Excluído da conferência de Paz, gizada por Zelensky, Putin acena com um desfecho em que a Rússia não perde a face e que ao fim de 842 dias de conflito armado, alguns estariam inclinados a aceitar, talvez por isso, o tom de ultimato.

"Se Kiev e as capitais ocidentais rejeitarem esta proposta como rejeitaram as anteriores, então a responsabilidade política e moral pela continuação do derrame de sangue é deles. Obviamente, as realidades no terreno, na linha de contacto, continuarão a mudar, mas não a favor do regime de Kiev, e as condições para o início das negociações serão diferentes", diz Vladimir Putin, presidente da Rússia

A proposta é monótona: o fim da guerra, em troca da renúncia de Kiev aos planos para entrar na Nato e a cedência do território ilegalmente anexado, inclusive zonas que as tropas russas não ocupam ou sequer controlam.

"As tropas ucranianas devem retirar-se completamente das Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk e das regiões de Kherson e Zaporíjia. E chamo a vossa atenção: devem retirar-se de todo o território destas regiões, no interior das fronteiras administrativas que existiam na altura da sua entrada na Ucrânia", afirma o presidente da Rússia.

"Não cabe à Ucrânia retirar as forças do território ucraniano. Cabe á Rússia retirar as suas forças do território ucraniano ocupado", diz Jens Stoltenber, secretário-geral da Nato.

Kiev afirma que aceitar equivaleria a uma capitulação e deixaria o país vulnerável a futuros ataques. A leitura é clara. Putin não quer negociar.

"Putin está a tentar assumir o controlo da agenda para que os temas dominantes debatidos na Cimeira da Paz que sejam discutidos em paralelo com a proposta da Federação Russa. Mas deixem-me reiterar: a Rússia não está a oferecer quaisquer conversações, não está a oferecer qualquer paz. O que a Rússia propõe é que todos reconheçam que ganhou a guerra", explica Mykhailo Podolyak do gabinete da presidência ucraniana.

"É exatamente esse tipo de comportamento que não queremos ver. Não queremos ver um líder de uma país acordar um dia e decidir que quer eliminar fronteiras e anexar o território do vizinho. Esse não é o mundo em que algum de nós quer viver. Por isso, penso que, na minha opinião, Putin não está em posição de ditar à Ucrânia o que esta deve fazer para alcançar a paz", diz Lloyd Austin, secretário da defesa dos EUA.

Kiev pretende ver abordadas na conferência de paz, na Suíça, áreas-chave do plano de 10 pontos de Zelensky. A segurança energética, a troca de prisioneiros, o regresso das crianças raptadas pela Rússia e a segurança alimentar global. É esperado que os participantes da cimeira formulem uma posição de negociação comum para o desfecho da guerra que será depois submetida a Moscovo.