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Rishi Sunak: chegou a primeiro-ministro sem eleições e pode pôr fim a 14 anos de governos conservadores

No Reino Unido, todas as sondagens indicam que Rishi Sunak poderá ser o último de uma lista de cinco primeiros-ministros conservadores que ocuparam o número 10 de Downing Street, nos últimos 14 anos. Mas o homem que sucedeu a Boris Johnson e Liz Truss foi pioneiro em alguns detalhes na política britânica.

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O caminho de Rishi Sunak para se tornar o mais jovem primeiro-ministro e o primeiro de ascendência asiática e de religião hindu do Reino Unido ocorreu na sombra -e durante o borburinho que acompanhou o ocaso da governação de Boris Johnson.

A demissão como ministro das Finanças acelerou a queda de Johnson, apenas para colocar no cargo - ainda que de forma transitória - a primeira-ministra Liz Truss, cujo plano ultraliberal não durou mais de 50 dias.

Quando finalmente chegou ao cargo de primeiro-ministro, em outubro 2022 - sem recurso a eleições e num cenário de aumento explosivo de inflação -, Sunak já tinha sido obrigado a pedir desculpas pela situação fiscal da mulher, filha de um multimilionário indiano. Nunca se livrou da imagem de privilegiado a pedir sacrifícios económicos à classe média trabalhadora.

Se, num primeiro momento, representou uma esperança de moderação e competência (depois do caos herdado dos antecessores), foi a tentativa de manter o partido unido e avançar com a agenda conservadora em cenário de crise económica que o fez perder capital político e eleições.

Tendo sido um acérrimo defensor da saída do Reino Unido da União Europeia, conseguiu estabilizar os difíceis acordos do Brexit, à custa da Irlanda do Norte.

O plano anti-imigração, que previa o transporte para o Ruanda de candidatos a asilo, acabou por ser aprovado, depois de embates com o Supremo Tribunal e sem ter conseguido reduzir as entradas ilegais e perigosas através do Canal da Mancha.

O recuo em medidas ambientais e alguns comentários anti-LGBT criaram um ambiente hostil em relação ao governo de Sunak, que nem a descida de impostos conseguiu contrariar. E, por isso, inesperadamente, no final de maio, convocou novas eleições.

Os jeitos suaves e o modo estudado como conduzia a relação com o público não evitaram alguns momentos embaraçosos - ou mesmo a necessidade de pedir desculpas por ter abandonado, para efeitos de campanha eleitoral, as celebrações dos 80 anos do “Dia D” em França.

Rishi Sunak foi o quinto primeiro-ministro no cargo, ao longo de um período de 14 anos ininterruptos de governos do Partido Conservador.