Boris Johnson garantiu hoje no Parlamento que não se demite, no dia em que será divulgado um relatório sobre eventuais violações das regras de confinamento em eventos na residência oficial do primeiro-ministro britânico.
Num debate no Parlamento, Boris Johnson rejeitou os pedidos da oposição para se demitir por participar em festas durante os confinamentos para travar a covid-19.
Questionado pelo líder do Partido Trabalhista da oposição, Keir Starmer, se os ministros que conscientemente quebrarem a regra de enganar o Parlamento se deviam demitir, Johnson disse: “É claro”.
“Vai agora renunciar?”, perguntou Starmer.
“Não”, respondeu Johnson.
Hoje será divulgado o relatório do inquérito interno, conduzido por Sue Gray, secretária do gabinete, que vai determinar se o primeiro-ministro Boris Johnson violou as regras de confinamento com encontros e festas na residência oficial no nº10 de Downing Street, em Londres.
O ex-assessor de Boris Johnson, Dominic Cummings, recusou-se a ser interrogado no âmbito desta investigação, preferindo testemunhar por escrito. Cummings, que lança regularmente ataques contra o líder conservador desde a demissão no final de 2020, avisou que “outras histórias prejudiciais” irão surgir caso o primeiro-ministro não renuncie.
Polícia britânica investiga festas em Downing Street durante confinamento
Ontem, a polícia britânica anunciou que está a investigar uma “série de eventos” no nº 10 de Downing Street durante o confinamento e eventuais violações das regras para travar a covid-19.
Na segunda-feira surgiram novas alegações de que Boris Johnson quebrou as regras de confinamento – que ele próprio impôs para impedir a propagação da covid-19 – ao participar numa festa de aniversário em Downing Street.
Segundo anunciou a responsável da Metropolitan Police, foram recolhidas provas de “uma série de eventos” no nº 10 de Downing Street em 2020 e 2021 – incluindo uma festa ‘traga a sua própria bebida’, que Boris Johnson disse ter comparecido pensando que era um evento de trabalho.
“Partygate”
O escândalo conhecido por “partygate” causou uma onda de indignação no país, já que muitas pessoas ficaram impossibilitadas de acompanhar familiares e próximos que morreram ou que estavam doentes ou sozinhos.
Sondagens mostram uma queda na popularidade de Boris Johnson, de 57 anos, eleito em 2019 com uma maioria absoluta histórica graças à promessa de concretizar o Brexit (processo de saída do Reino Unido da União Europeia).
Até agora, Boris Johnson escapou a uma moção de censura. Deverá fazer uma declaração ao país ainda hoje.
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