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"Estive cinco segundos inconsciente": as frases-chave de Bas Dost no julgamento de Alcochete

O julgamento prossegue na sexta-feira com a audição, entre outras testemunhas, de José Sousa Cintra.

"Foi um drama para todos. Estou vazio" - Bas Dost, futebolista do Sporting, após o ataque à Academia de Alcochete (15-05-2018)
"Foi um drama para todos. Estou vazio" - Bas Dost, futebolista do Sporting, após o ataque à Academia de Alcochete (15-05-2018)
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Bas Dost, um dos jogadores do Sporting agredido no ataque à Academia de Alcochete, foi ouvido na tarde desta quarta-feira por videoconferência, a partir da Alemanha, na 29.ª sessão do julgamento da invasão.

O holandês conta que foi agredido no corredor que dá acesso ao balneário, onde acabou por ficar sozinho, depois de o secretário técnico Vasco Fernandes ter mandado os jogadores entrarem, por ter avistado "muita gente a correr".

“Estava no ginásio antes do treino e aí, através do vidro, vi muita gente a entrar”

“Depois fui para o balneário e, no corredor da academia, queria falar com os invasores para perguntar o que se estava ali a passar”

“O Vasco Fernandes pediu para irmos para dentro do balneário não sei porquê”

“Um homem de porte grande entrou no balneário e fez-me sinal de ok”

“Foi tudo muito rápido, os primeiros cinco passaram por mim e depois o sexto bateu-me”

“Houve um que se dirigiu a mim com o punho fechado e algo nessa mão e bateu-me com esse objeto na cabeça. Caí logo no chão e ele começou-me a dar pontapés e esse ainda disse a outro para também me dar pontapés no tronco”

“Os primeiros 5 que passaram por mim estavam a falar muito alto e desejosos para entrar no balneário”

“Só me lembro que todos estavam vestidos de preto”

“Acho que estive 5 segundos inconsciente, só me lembro do Joao Rollin se aproximar para me ajudar. Graças a Deus”

“Ele Levantou-me com os braços, porque ele é muito forte”

“Eu tinha muito sangue na cabeça, ele levou-me para outro sítio e depois disse-me que tinha de ir embora para ajudar outros e eu posso ter sido egoista, mas pedi-lhe para não me deixar. Então ele levou me para uma sala com equipa médica e lá trataram-me da cabeça”

“Lembro-me de perguntar se ja tinham ido embora e disseram-me que sim”

“Não conheço pessoalmente nenhum dos agressores”

“Não ouvi ameaças, mas o meu português não é muito bom”

“Ainda tenho uma cicatriz”

“Foi uma situação muito stressante, mas a equipa médica fez um trabalho muito bom”

“O Frederico Varandas foi tirar os pontos a minha casa”

“Foi terrível. Mesmo passado alguns meses ainda tinha medo quando, por exemplo, ia ao supermercado”

“Tive segurança adicional em minha casa durante semanas”

“Felizmente a minha família reagiu bem”

“Sou holandês e na Holanda as coisas resolvem-se a falar”

“Os jogadores estavam descontentes porque tínhamos perdido contra o Marítimo e ja não íamos à Liga dos Campeões”

“Em nenhum momento os invasores tentaram ajudar-me”

“Entraram para aí mais 20 ou 30 além daqueles 6 que vi inicialmente... viram-me a sangrar e ninguém me ajudou”

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