A demissão da Diretora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Cristina Gatões, anunciada esta quarta-feira, não resolve a questão política criada pelo homicídio de Ihor Homeniúk no aeroporto de Lisboa, considera Bernardo Ferrão.
“Não basta demitir a diretora do SEF”, afirma o jornalista na Edição da Tarde, sublinhado que, nove meses depois do incidente, “o ministro [da Administração Interna] ainda não deu explicações cabais sobre o que se passou ali, nem houve a tal responsabilidade política”.
Durante o Governo de António Costa, o SEF já teve três diretores diferentes. Com a demissão de Cristina Gatões, será empossado o quarto diretor. Mas, ao contrário do que estava mencionado no programa eleitoral do PS, em 2019, não foi feita qualquer reestruturação às autoridades do SEF.
A implementação de um botão de pânico nos quartos das instalações provisórias do SEF terá sido a “gota de água” que levou à demissão da diretora.
“Quem é que não se pode indignar quando o Estado fala em botões de pânico dentro de instalações que são do próprio Estado? No fundo, o Estado está a dizer que é preciso ter medo do Estado. E é uma situação inacreditável, portanto compreende-se que as críticas se ouçam da direita à esquerda”, comenta o jornalista.
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