O timing da demissão da diretora nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) “é péssimo”, afirma Luís Delgado, comentador da SIC. Cristina Gatões anunciou esta quarta-feira a demissão, depois da polémica à volta da implementação de um botão de pânico nos quartos das instalações de acolhimento temporário do aeroporto de Lisboa.
“Devia ter saído 24 horas depois destes acontecimentos, desta loucura, desta irracionalidade, desta raiva incontida, desta tortura até à morte de uma pessoa. Isto verdadeiramente é uma execução”, disse na Edição da Noite da SIC Notícias reforçando que “é uma vergonha para o país inteiro”.
O julgamento do caso está marcado para iniciar a 20 de janeiro e Luís Delgado espera que os juízes apliquem condenações duras sobre os inspetores que agrediram e mataram o homem ucraniano. Sobre as responsabilidades políticas, Luís Delgado não percebe como Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, “não atuou imediatamente”.
“Do ponto de vista político, tem de haver também uma censura grande, direta, ao Ministro da Administração Interna que, durante nove meses, não o vimos fazer grande coisa. Só agora é que diz que quer restruturar e a senhora sai para fazer a restruturação. Isso era 24 horas depois, não agora”, afirma.
Para o comentador, as agressões e o homicídio de Ihor Homeniúk, em março, “põe uma marca” e um estigma no SEF. Para além disso, Luís Delgado critica o Governo português por não ter ajudado a família do homem ucraniano que, como conta a mulher à SIC, não recebeu qualquer apoio, tendo, inclusivamente, de pagar a transladação do corpo.
“Como é que isto pode acontecer? Como é que nós não ajudámos já, desde aquela altura, e não ajudamos agora e não ajudamos no futuro esta família? Esta mulher e os dois filhos. Nós matámos o marido. Nós, Estado português, pessoas com responsabilidade num serviço de estrangeiros e fronteiras liquidaram, executaram o marido daquela senhora a título gratuito, sem se saber bem porquê”, sublinha.
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