O Ministro da Administração Interna admite que cometeu erros "quer de tempo quer de avaliação" no caso da morte do cidadão ucraniano às mãos do SEF. Em entrevista ao Jornal Público e à Rádio Renascença, Eduardo Cabrita reconhece que a diretora do SEF podia ter sido demitida há nove meses.
Nove meses depois do cidadão ucraniano ser torturado e morto por três inspetores do SEF, o ministro da Administração Interna explica porque razão não se demitiu.
Porque razão Eduardo Cabrita não se demitiu?
“O único dia em que essa questão se colocou foi no dia 30. Acha que em pleno Estado de Emergência tinha sentido abandonar o combate?”, questionou.
Eduardo Cabrita mandou abrir um inquérito à morte de Ihor Homeniúk 16 dias depois da autópsia identificar marcas de extrema violência no corpo do cidadão ucraniano e da Polícia Judiciária receber uma denuncia anónima a alertar para indícios de crime nas instalações SEF.
“Eu cometo erros, quer de tempo quer de avaliação, mas no contexto do que era possível fazer face à tragédia com que fomos confrontados, o essencial foi feito a dia 30”, garantiu.
Um dia antes, a 29 de março, três inspetores do SEF são detidos por fortes indícios do homicídio e a então diretora do SEF demite, por decisão do ministro, o diretor e sub diretor do SEF de Lisboa. Mas Cristina Gatões continuou no cargo mais nove meses.
E a diretora do SEF?
“A senhora diretora do SEF podia ter cessado funções na altura? Obviamente que podia. Mas nem o processo-crime nem o processo disciplinar a envolvem. Porque é que não aconteceu? Porque não aconteceu”, defendeu o ministro.
Eduardo Cabrita diz apenas que Cristina Gatões não tinha o perfil ideal para acompanhar a reestruturação do SEF. O assunto foi tema de conversa no último encontro entre o Presidente da República e o Diretor Nacional de PSP, e Magina da Silva anunciou aos jornalistas que propôs a fusão entre a PSP e o SEF.
“O que se passou é algo que não pode obviamente repetir-se. E isso foi compreendido. Eu chamei o diretor nacional no dia seguinte. E presencialmente esclarecemos o que havia a esclarecer”, garantiu.
Eduardo Cabrita elogia o trabalho do diretor da PSP, mas reconhece-lhe falta experiência política. Reafirma que o executivo não está a estudar a fusão ou extinção de qualquer força de segurança e lembra que o Programa de Governo apenas prevê a separação orgânica entre funções policiais e administrativas.
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