O Governo deu informações falsas ao Conselho da União Europeia para justificar a escolha do representante português na Procuradoria Europeia. Portugal foi um dos três países que não aceitou a decisão do Comité de Seleção Internacional, que tinha escolhido outra procuradora para ocupar o lugar. Numa carta a que a SIC teve acesso, enviada ao Conselho da União Europeia em novembro do ano passado, o Executivo justifica a alteração com informações que não são verdadeiras.
Paulo Baldaia começa por dizer que existe "aqui uma grande ironia": "Estamos a falar de um procurador para o combate à fraude e há uma fraude de dados, de informação que foi fornecida pelo Estado português (...) com informações falsas".
Para o comentador da SIC, esta situação "revela um desleixo político muito grave". E salienta ainda outro dos equívocos: "Portugal acabou por escolher. (...) Não se enviam três candidaturas para que um comité de peritos internacionais escolha umas das três e depois se diga que vão três, mas só há uma. Os outros dois são duas jarras".
Entre os três candidatos portugueses ao lugar de Procurador Europeu, Ana Mendes de Almeida ficou em primeiro lugar na escolha do Comité de Seleção Internacional, que avaliou os currículos e as entrevistas dos pretendentes ao cargo. A magistrada, no entanto, acabaria por não ser a eleita. O cargo foi ocupado por José Guerra - segundo classificado - graças à intervenção direta do Governo português.
Paulo Baldaia considera que "esta escolha [de José Guerra] tem de ser explicada".
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