O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falou esta quinta-feira ao país, na sequência da aprovação da renovação do estado de emergência, que vai vigorar entre os dias 15 de fevereiro e 1 de março, para permitir medidas de contenção da covid-19. Disse que o número de infeções tem que descer até à Páscoa e que é preciso manter o confinamento. Agradeceu aos portugueses o esforço e alertou que não é altura para crises políticas.

Na comunicação de cerca de sete minutos, Marcelo Rebelo de Sousa disse que as últimas duas semanas, em que Portugal esteve mais uma vez em confinamento geral, foram difíceis, mas "terminaram melhor do que começaram". A mensagem foi clara: o estado de emergência e o atual confinamento devem manter-se "março fora", sem "sinais errados para a Páscoa".
"Temos de sair da primavera sem mais um verão e um outono ameaçados. Em vida, saúde, economia, sociedade. Temos de assegurar que a Páscoa, no início de abril, não será causa de mais uns meses de regresso ao que vivemos nestas semanas", afirmou.
Menos de dois mil casos diários até à Páscoa
O Presidente da República, que falava depois da renovação do estado de emergência até 1 de março, deixou exemplos para realçar a sua mensagem: há duas semanas, os números de infeções e de mortos por covid-19 eram "dos piores da Europa e do mundo", os hospitais estavam sob pressão, havia desvio de vacinas e "sentimentos divididos" em relação aos apoios europeus.
Na comunicação a partir do Palácio de Belém, em Lisboa, o chefe de Estado apontou como metas reduzir o número de novos casos diários de infeção "para menos de dois mil" até à Páscoa, que será no início de abril. Essa meta serve para que "os internamentos e os cuidados intensivos desçam dos mais de cinco mil e mais de oitocentos agora para perto de um quarto desses valores".
Confinamento "março fora"
O estado de emergência aprovado esta quinta-feira, dia 11 de fevereiro, vai durar até dia 1 de março. No entanto, o chefe de Estado prevê que se prolonge "março fora":
"Temos de manter o estado de emergência e o confinamento, como os atuais, por mais quinze dias, e, apontar para prosseguir março fora no mesmo caminho, para não dar sinais errados para a Páscoa", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Sobre o futuro desconfinamento? O Presidente da República é ponderado:
"Temos de, durante essas semanas, ir estudando como, depois da Páscoa, evitar que qualquer abertura seja um novo intervalo entre duas vagas".
Rejeita crises políticas. "Já nos bastam a crise da saúde e económica e social"
O Presidente da República rejeitou cenários de crises políticas ou de formação de governos de salvação nacional e salientou que é preciso apoiar as pessoas afetadas no contexto de crise.
"Tudo sem crises políticas e sem cenários de governos de unidade ou salvação nacional. Que não se conte comigo para dar o mínimo eco a cenários de crises políticas ou eleitorais. Já nos bastam a crise da saúde e a crise económica e social", afirmou.
Marcelo Rebelo de Sousa diz que houve, "nalgumas vozes da opinião política, acenos a governos de salvação nacional", mas não têm apoio na população em geral."
"Os portugueses compreenderam que provocar, nesta altura, crises políticas, com cenários à margem dos partidos de resultado indesejável em tempo perdido, em terceiras eleições no verão e nada de novo no horizonte, não servia para outra coisa se não para agravar a pandemia", disse.
Os apoios europeus e a vacinação
Sobre os apoios europeus, salientou que os portugueses perceberam que "eram simbólicos e que não substituíam os heróis da saúde". Pelo contrário, mostravam que não se deve esquecer ninguém, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República referiu-se também à vacinação contra a covid-19. Lembrou que não há atrasos só em Portugal, mas na Europa, e que os responsáveis pelo desvio de vacinas vão ser "exemplarmente punidos”.
Este foi o décimo primeiro diploma do estado de emergência que Marcelo Rebelo de Sousa submeteu ao Parlamento no atual contexto de pandemia de covid-19.
O decreto do Presidente da República prevê que seja definido um plano faseado de reabertura das aulas presenciais, inclui uma ressalva a permitir a venda de livros e materiais escolares e admite limites ao ruído em certos horários nos edifícios habitacionais para não perturbar quem está em teletrabalho.