Durante a madrugada desta quinta-feira, um grupo de perto de 30 imigrantes foi realojado no complexo Zmar. Os proprietários e moradores do empreendimento turístico contam que foram “sobressaltados com camiões a entrar”, depois de as autoridades terem dito que podiam ir descansar.
Questionado sobre a desproporcionalidade da operação, Nuno da Silva Vieira, advogado dos proprietários do Zmar, classificou-a como “insensata” e fazendo parte de um “estado distópico”.
Em entrevista à SIC Notícias afirmou ainda estarem a ser divulgadas mentiras sobre o Zmar que acredita servirem uma “narrativa no sentido de destruir a dignidade” dos seus clientes.
A Multiparques, sociedade dona do Zmar, declarou insolvência em março deste ano. Está tecnicamente falida, porque tem capitais próprios negativos na ordem dos 10 milhões de euros.
“Estar falido é mau? É assim que os portugueses veem, mas se olharmos para outro lado do Atlântico, as grandes empresas que hoje ganham dinheiro e empregam pessoas passaram por situações difíceis. As falências permitem um novo começo", defende.
Jorge Malheiros, geógrafo e investigador na área das migrações e da demografia, explica que esta situação dos imigrantes já era conhecida há sete anos, altura em que desenvolveu um estudo em Odemira.
“Detetámos que os salários são muito baixos. Mais de 70% dos imigrantes recebia o salário mínimo ou menos. As condições de habitação apareciam como o principal problema”, revela.
Considera que a situação tornou-se mais visível agora “pela questão da requisição civil e da situação pandémica”.
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