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Costa deixa "recado" a Marcelo no discurso de encerramento do Congresso do PS

Diz esperar que o Presidente mantenha as características do primeiro mandato.

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Logo no início do discurso de encerramento do Congresso, António Costa fez questão de se transmitir uma mensagem para Marcelo Rebelo de Sousa, esperando que continue a ser como foi no primeiro mandato e "mantenha as características que os portugueses tanto apreciaram".

António Costa deixou esta mensagem no seu discurso de encerramento do 23.º Congresso Nacional do PS, no Portimão Arena, no distrito de Faro, dirigindo-se a Rita Magalhães Collaço, secretária do Conselho de Estado, cuja presença tinha sido saudada com palmas momentos antes, quando foi anunciada aos delegados socialistas.

"Pedia à doutora Rita Magalhães Collaço que transmitisse a sua excelência o senhor Presidente da República os votos que fazemos dos maiores sucessos no exercício deste novo mandato presidencial, desejando-lhe que mantenha as características que os portugueses tanto apreciaram no seu primeiro mandato e que de uma forma tão expressiva votaram na renovação para o novo mandato do Presidente da República. As maiores felicidades no exercício do novo mandato", declarou o secretário-geral do PS.

Em seguida, António Costa dirigiu-se ao vice-presidente da Assembleia da República e deputado do PCP António Filipe, para "saudar o órgão de soberania perante quem o Governo responde e de quem o Governo depende".

O secretário-geral do PS referiu que "ao longo destes seis anos, o PS tem tido a honra de chefiar um Governo que tem mantido um intenso debate e uma intensa relação com a Assembleia da República" e que, "naturalmente, não havendo maioria, tem sido possível desenvolver um diálogo profícuo com os diferentes partidos políticos e um diálogo institucional entre Governo e Assembleia".

"Creio que todos devemos estar orgulhosos depois de ano e meio em que vivemos períodos tão exigentes, tão difíceis, com sucessivos estados de emergência, pela forma tão cooperante, harmoniosa, responsável como Presidência da República, Governo, Assembleia da República, todos cooperaram para enfrentarmos esta pandemia em nome de Portugal e para bem dos portugueses", considerou.

O líder dos socialistas e primeiro-ministro dirigiu-se depois aos representantes de partidos políticos presentes no encerramento deste Congresso -- PSD, Bloco de Esquerda, PCP, CDS-PP, PAN e o PEV, à distância -- dividindo-os entre parceiros de "uma caminhada, umas vezes mais conjunta, outras vezes menos conjunta" e "aqueles a quem cabe ser oposição e construir a alternativa à alternativa de esquerda" liderada pelo PS.

Perante Vasco Cardoso, dirigente do PCP, e Jorge Costa, do Bloco de Esquerda, António Costa acrescentou:

"É com gosto particular que vejo aqui presentes dois dos interlocutores mais exigentes, mas também mais produtivos com quem temos construído estes bons resultados para o país e para os portugueses. A todas e a todos as maiores felicidades da parte do PS".

Por fim, o secretário-geral do PS assinalou a presença dos representantes das duas centrais sindicais, CGTP-IN e UGT, e de confederações patronais, e defendeu "o diálogo social, a negociação coletiva, a concertação social" como "peças essenciais" da democracia.

Segundo o primeiro-ministro, num momento "de saída desta pandemia, de saída desta crise, de aproveitar as oportunidades extraordinárias de que o país dispõe para se transformar estruturalmente e resolver muitos dos problemas estruturais do nosso país, é cada vez mais necessário maior dialogo social, maior negociação coletiva e muita concertação social".

"Podem contar connosco. Estamos certos de que podemos também contar convosco", disse-lhes.

Desde que foi eleito líder dos socialistas em novembro de 2014, António Costa dedicou sempre os seus discursos de fundo no encerramento dos congressos às medidas que propõe para o país -- e o de hoje acontecerá a mês e meio de o Governo entregar no parlamento a sua proposta de Orçamento do Estado para 2022.

No plano partidário, António Costa sairá deste congresso, que decorre no Portimão Arena, sem qualquer contestação interna, já que até agora apenas ouviu críticas pontuais, ou do deputado socialista Ascenso Simões, ou por parte do grupo minoritário de Daniel Adrião.

A única lista a votos para a Comissão Nacional do PS, depois de a direção partidária ter chegado a acordo com Daniel Adrião, obteve 92,45% dos votos. Um acordo em que este grupo manterá 28 elementos entre os 251 efetivos no órgão máximo dos socialistas entre congressos.

A lista única para a comissão nacional do PS é encabeçada pelo secretário-geral adjunto, José Luís Carneiro, seguido pela líder parlamentar socialista, Ana Catarina Mendes. A partir da terceira posição, os restantes nomes, até ao 251º, estarão ordenados por ordem alfabética.

No segundo e último dia de Congresso, antes da sessão de encerramento, serão também apresentadas cerca de duas dezenas de moções setoriais -- documentos que serão depois discutidos e votados numa futura Comissão Nacional do PS.

Tal como se esperava, no primeiro dia do Congresso, no sábado, o PS afastou completamente do debate o tema da sucessão de António Costa no cargo de líder em 2023, apesar de terem sido colocados em destaque na mesa do Congresso os quatro potenciais candidatos: Fernando Medina, Ana Catarina Mendes, Mariana Vieira da Silva e Pedro Nuno Santos. Este último chegou já com o congresso a decorrer e não falou aos delegados.

O PS preferiu antes dar destaque mediático à sua nova militante Marta Temido, procurando simbolizar na ministra da Saúde um alegado sucesso do Governo no combate à pandemia da covid-19.

A ministra da Saúde foi elogiada por muitos dos congressistas e recebeu das mãos de António Costa o cartão de militante do PS, sendo aplaudida de pé.

Além do destaque dado a Marta Temido, a direção do PS, a um mês das eleições autárquicas, deu também deu palco a vários dos seus candidatos ao ato eleitoral de 26 de setembro, pondo a falar candidatos de várias regiões do país, sobretudo após o período de debate das moções de estratégia.

Os presidentes das câmaras municipais de Lisboa, Fernando Medina, de Portimão, Isilda Gomes, da Amadora, Carla Tavares, de Coimbra, Manuel Machado, e de Matosinhos, Luísa Salgueiro, assim como o independente de Sintra, Basílio Horta, fizeram intervenções no congresso.

Inês de Medeiros, recandidata à Câmara de Almada, e o candidato à câmara do Porto, Tiago Barbosa Ribeiro, Paulo Arsénio, recandidato à autarquia de Beja, Rui Sousa, Guimarães, também passaram pelo púlpito do congresso socialista.

No seu discurso de abertura do congresso, António Costa pediu a mobilização de todos os socialistas para uma vitória nas autárquicas, considerando que o tempo atual é de recuperação, de inconformismo na ação e não de ausência ou de desânimo.

"Este não é o tempo para desanimarmos. É o tempo de nos animarmos. Este é o tempo de arregaçar as mangas, não só daqueles que estão no Governo, mas também daqueles que estão nas freguesias e nas câmaras ou em todos os locais em que se pode fazer a diferença", especificou.