A defesa de João Rendeiro propôs ao juiz sair em liberdade, mediante o pagamento de uma caução de 2.200 euros e apresentações diárias às autoridades. Contudo, o Ministério Público alega que, se for libertado, pode voltar a fugir.
Sentado a um canto da sala, com um agente ao lado, de João Rendeiro não se ouviu nem uma palavra.
Cá fora, o advogado ia recarregando energias para explicar, ao juiz, por que razão entende que o cliente, foragido à Justiça portuguesa, deve sair em liberdade e que não tenciona voltar a fugir.
O advogado leu um texto escrito por Rendeiro, onde explica que, ao chegar à África do Sul, contactou uma advogada para garantir que não estava a violar a lei. e até pediu o registo criminal.
Diz querer investir na África do Sul, onde planeava levar a mulher, e que, para prolongar a autorização de residência, tinha reservado um hotel.
Rendeiro diz que tem apenas duas contas bancárias - nos EUA e na África do Sul.
O Ministério Público diz que Rendeiro tem três passaportes e facilidade em obter novos documentos de forma "questionável" - o ex-banqueiro contesta.
Rendeiro diz que está a ser vítima de uma caça às bruxas e acusa a Polícia Judiciária de sensacionalismo, por meia hora depois da detenção já estar a dar uma conferência de imprensa.
A defesa diz que a detenção é ilegal, porque o mandado não está fundamentado e faltam documentos e autenticações.
Vai ainda muito mais além nos argumentos para pedir a libertação.
Rendeiro propôs ao juiz pagar uma caução de 40 mil randes sul-africanos, 2.200 euros, e apresentações diárias às autoridades.
Mas o Ministério Público vê neste pedido uma forma de Rendeiro evitar cumprir pena em Portugal.
O Ministério Público sul-africano diz que, desde setembro, Rendeiro já viveu em três regiões diferentes e moveu-se de forma intermitente.
Diz até que os comentários que o ex-banqueiro já fez demonstram pensamentos suicidas, e, por isso, defende que Rendeiro fica mais seguro na prisão.
Rendeiro ouviu tudo, mas nunca falou.
Esta quinta-feira é feriado na África do Sul, o que atira a decisão do juiz apenas para sexta-feira.
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