Os enfermeiros do serviço de cirurgia do Hospital da Gaia enviaram à administração uma declaração onde recusam qualquer responsabilidade sobre a segurança dos doentes a seu cargo. A Ordem dos enfermeiros visitou, entretanto, o hospital e denuncia a falta de profissionais no serviço, o excesso de horas extraordinárias e a falta de condições de trabalho.
A carta foi assinada por 25 enfermeiros. Nas duas páginas, os profissionais de saúde começam por avisar que “não estão em condições de assegurar a vida e a segurança das pessoas, nem a qualidade dos cuidados de enfermagem”. A declaração segue em crescendo, até que surge a recusa de qualquer responsabilidade disciplinar, civil ou mesmo criminal no que se refere aos doentes a seu cargo.
Pelo meio, os enfermeiros falam de falta de profissionais no serviço e deixam antever um aumento do número de horas extraordinárias. Só no mês de novembro, terão sido realizadas mais de 1.200 horas de trabalho extra.
A declaração foi enviada para a ministra da Saúde, Marta Temido, para a administração do hospital e para a Ordem dos Enfermeiros. Durante a visita do representante da Ordem ao serviço, foram detetados problemas graves nas instalações.
Contactada pela SIC, a administração do Hospital de Gaia admite que a ala cirúrgica tem condições indesejáveis, mas lembra que foram reinstalados alguns serviços. Reconhece ainda que a intervenção nas estruturas da cirurgia é prioritária e garante que se a proposta de Orçamento do Estado se mantiver, será lançado um concurso público em 2022 para reinstalar todo o serviço de cirurgia.
O esclarecimento enviado pelo hospital nada diz sobre a denunciada carência de enfermeiros ou sobre a declaração enviada pelos profissionais de saúde.
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