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"Não vejo nenhuma razão" para D. José Policarpo e D. Manuel Clemente ocultarem um crime

O Presidente da República falou sobre a queixa de abuso sexual feita na década de 90 ao Patriarcado mas que nunca chegou às autoridades.

"Não vejo nenhuma razão" para D. José Policarpo e D. Manuel Clemente ocultarem um crime
MANUEL DE ALMEIDA/Lusa

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa não acredita que D. José Policarpo ou D. Manuel Clemente tenham querido ocultar da justiça crimes de abuso sexual na Igreja Católica.

"Aquilo que posso dizer como pessoa, e não como Presidente da República, é que o juízo que formulo sobre D. José Policarpo e D. Manuel Clemente não vejo em nenhum deles nenhuma razão para considerar que pudessem ter querido ocultar da justiça a prática de um crime. É a opinião pessoal que tenho do conhecimento de muitos anos de ambos", comentou o chefe de Estado.

Marcelo salientou ainda que neste momento existe uma Comissão e "órgãos competentes para apreciar ou reapreciar estas matérias".

O caso foi noticiado, esta quarta-feira, pelo jornal Observador, que dá conta de que o atual Cardeal Patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, "teve conhecimento de uma denúncia de abusos sexuais de menores relativa a um sacerdote do Patriarcado e chegou mesmo a encontrar-se pessoalmente com a vítima, mas optou por não comunicar o caso às autoridades civis e por manter o padre no ativo com funções de capelania".

"Além disso, o sacerdote continuou a gerir uma associação privada onde acolhe famílias, jovens e crianças, com o conhecimento de D. Manuel Clemente. Tudo, porque, justifica o próprio Patriarcado ao Observador, a vítima, que alega ter sofrido os abusos na década de 1990, não quis que o seu caso fosse público e queria apenas que os abusos não se repetissem", noticia o jornal.

De acordo com a investigação do Observador, a atuação do Patriarca "contraria (...) as atuais normas internas da Igreja Católica para este tipo de situações, que determinam a comunicação às autoridades civis de todos os casos", adiantando que "os dados sobre este caso em concreto contam-se entre as mais de 300 denúncias já recebidas pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa - e o nome deste sacerdote é também um dos sete que já se encontram nas mãos da Polícia Judiciária para serem investigados".