A Direita quer ouvir o secretário de Estado Adjunto de António Costa sobre os processos em que está envolvido. PSD, Chega e Iniciativa Liberal pedem explicações a Miguel Alves e querem que este seja ouvido no Parlamento.
PSD acusa secretário de Estado de vitimização
Luís Montenegro diz que é necessário um escrutínio local e nacional. Por isso, o PSD vai pedir a audição do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro sobre um contrato-promessa que celebrou quando era presidente da Câmara de Caminha.
"O senhor secretário de Estado tem de sair da Assembleia da República com todo e qualquer esclarecimento dado. Após esses esclarecimentos, o PSD tomará as devidas opções políticas sobre o pedido de continuidade, ou não, em funções do senhor secretário de Estado", adiantou o deputado João Montenegro.
"Assistimos paralelamente, como aconteceu ainda este fim de semana, o senhor secretário de Estado com uma miserável teoria de vitimização, que é efetivamente lamentável. Em vez de prestar um esclarecimento cabal aos portugueses, vem fazer este papel ridículo de vitimização", reforçou.
Iniciativa Liberal pede atitude ao primeiro-ministro
A Iniciativa Liberal considera que o futuro político do secretário de Estado Miguel Alves está condenado e pede explicações ao primeiro-ministro.
“O menos importante nesta altura é o futuro político do secretário de Estado Miguel Alves, porque esse já está definido, ele está condenado politicamente. O sr. primeiro-ministro é que tem que tomar uma atitude para acabar com esta situação, porque há limites de decência e seriedade. (...) É o primeiro-ministro que mais uma vez está a degradar a situação democrática do país e isso é francamente inadmissível”, disse Rui Rocha.
Chega vai chamar homem forte do primeiro-ministro e do Governo ao Parlamento
André Ventura vai chamar Miguel Alves ao Parlamento. O líder do Chega considera que os processos são graves e insiste que é preciso um esclarecimento por parte do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro.
André Ventura anunciou também que o partido questionou o gabinete do primeiro-ministro "sobre a manutenção em funções do secretário de Estado Miguel Alves e sobre as condições de natureza política para a sua sustentabilidade no cargo".
"Temos um secretário de Estado que é um dos homens fortes do primeiro-ministro, e por consequência um dos homens fortes do Governo, que é suspeito não de ilícitos comuns, banais, mas de ilícitos de natureza económico-financeira", apontou o líder do Chega.
André Ventura considerou também que "um político envolvido em suspeitas deste tipo não se pode escudar no segredo de justiça, tem que ir a público e dar os esclarecimentos que têm de ser dados sobre situações tão graves como as que estão em causa".
O que está em causa?
Em causa está a construção de um Centro de Exposições Transfronteiriço em Caminha, no distrito de Viana do Castelo, uma obra que ainda não começou depois do contrato-promessa entre o promotor e a autarquia ter sido assinado em 2020.
O Público noticiou, na edição de 26 de outubro, que a autarquia de Caminha fez um "adiantamento duvidoso" de 300.000 euros para o projeto em questão, autorizado pelo agora secretário de Estado Ajunto do primeiro-ministro, quando liderava aquele município.
O periódico referia que o pagamento foi feito pela autarquia em março de 2021 a uma empresa desconhecida e associada ao empresário Ricardo Moutinho, um investidor com um alegado currículo falsificado.
Também o semanário Expresso, na edição de 28 de outubro, noticiou que a empresa em questão, a Green Endogenous, S. A., faz parte de um grupo de investimento que foi "criado na hora".
Em entrevista ao Jornal de Notícias e à TSF, divulgada no domingo, o secretário de Estado Ajunto do primeiro-ministro e ex-presidente da Câmara de Caminha, disse que esteve em silêncio porque dirigiu as primeiras explicações à Procuradoria-Geral da República.
Miguel Alves mostrou-se igualmente seguro da legalidade do processo.
Em 31 de outubro, em declarações aos jornalistas, o primeiro-ministro afirmou manter a confiança política em Miguel Alves.