A última madrugada foi caótica nas urgências dos principais hospitais da Grande Lisboa. Várias ambulâncias tiveram de ser desviadas para o Santa Maria devido à falta de médicos e, por isso, neste hospital alguns doentes graves chegaram a esperar mais de 11 horas para serem atendidos.
A afluência de doentes foi tão elevada que aos hospitais Beatriz Ângelo, em Loures, e ao Garcia de Orta, em Almada, não chegaram ambulâncias durante a madrugada. A rutura iminente nas urgências gerais não permitia mais atendimentos e, por isso, os doentes do INEM tiveram de ser desviados para o Santa Maria.
Sem outro remédio, ao início da noite de sábado o hospital de Loures fechou a porta às ambulâncias do INEM e só as reabriu às 08:00 deste domingo. A administração admitiu que a situação ficou a dever-se ao “aumento da afluência de doentes e a constrangimentos no preenchimento das escalas médicas”.
Os tempos de espera nos hospitais Amadora-Sintra, São Francisco Xavier e Vila Franca de Xira também estavam muito acima dos recomendados, aumentando assim a pressão sobre o maior hospital do país, o Santa Maria.
No Santa Maria, o tempo médio de espera para doentes urgentes com pulseira amarela foi superior a nove horas durante a madrugada.
A meio da manhã deste domingo, segundo os dados do Portal do SNS, a espera média chegou mesmo a atingir as 11 horas depois da triagem, quando o tempo recomendado nestes casos é de 60 minutos.
Chegada do inverno pode piorar ainda mais a situação
Com o inverno à porta e o aumento das infeções respiratórias, os constrangimentos podem agravar-se. O ministro da Saúde disse que a situação é crónica, mas garante que os problemas nas urgências são casos isolados.
Já admitiu, no entanto e como último recurso, recorrer aos privados para aliviar a pressão sobre os hospitais.
O Sindicato Independente dos Médicos critica o Governo por não ter criado condições para haver mais médicos de família no sul do país. Em declarações à SIC, Jorge Roque da Cunha diz que o ministro da Saúde tem de apresentar soluções o mais depressa possível.
O problema está identificado, mas a demora na resolução tem feito com que várias urgências fiquem sobrelotadas.
A solução poderá passar pelo atendimento nos centros de saúde para doenças menos graves e mais coordenação nas regiões mais afetadas.
A direção executiva do SNS começou a trabalhar, no início de novembro, mas só vai estar em plenitude de funções a partir de janeiro.