A polémica em torno da antiga secretária de Estado do Tesouro Alexandra Reis fez com que o ministro Pedro Nuno Santos apresentasse a sua demissão do Governo. Os partidos já reagiram ao sucedido e o Livre, na pessoa de Rui Tavares, pede que no futuro haja um maior escrutínio dos membros do Governo.
A indemnização de 500 mil euros paga pela TAP a Alexandra Reis tem sido um dos assuntos na ordem do dia. Várias figuras políticas já mostraram o seu desagrado para com a decisão da transportadora aérea, o que levou Fernando Medina a afastar a ex-secretária de Estado, apenas um mês após a mesma ter iniciado funções.
Quem também não resistiu à mais recente polémica foi o ministro das Infraestruturas que na noite de quarta-feira apresentou a sua demissão.
Relativamente à saída de Pedro Nuno Santos, Rui Tavares acusa os partidos mais à direita de estarem em constante “competição” para “ver quem chama mais à atenção”, numa altura em que o essencial deveria ser “o escrutínio dos processos de Governo e de governação”.
Aponta ainda a necessidade de haver uma maior análise aos elementos que integram o Governo, de forma a que seja apurado se existem “conflitos e litígios com o Estado ou empresas públicas”.
Moção de censura da IL "é um gesto político inconsequente"
Em declarações à Lusa, o deputado único do partido na Assembleia da República, Rui Tavares, classificou ainda a moção de censura ao Governo anunciada hoje pela Iniciativa Liberal como "um mero gesto político inconsequente".
"É natural que isto aconteça, mas verdadeiramente significa estar à altura do acontecimento dizer que as pessoas devem ir votar quando ainda não passou um ano desde que votaram? E sem ter uma alternativa para propor? A IL quer a queda do Governo e quer governar com quem?", questionou Rui Tavares.
Para o deputado e historiador, "uma moção de censura é um instrumento sério para ser utilizado de forma séria e implica ter uma alternativa de governação".
"Portanto, a IL quer ir para o Governo com o PS? A IL quer fazer um Governo com que maioria? Quer ir para eleições e se for, com as sondagens que temos à nossa frente, a IL quer fazer parte de um Governo em que vai estar abaixo do Chega na hierarquia? Portanto, é um mero gesto político inconsequente", defendeu.
Na opinião do dirigente do Livre, "ou um partido tem noção quando for defender a sua moção de censura no hemiciclo do caminho que quer propor ao país" ou então "a moção de censura é uma mera figura de estilo e uma mera figura de retórica".
"Mas isso aí, infelizmente, é aquilo a que a IL nos tem habituado e ainda agora num quadro de disputa interna de liderança tentam sempre aparecer a fazer coisas, mesmo que essas coisas não tenham sido bem refletidas", atirou.