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Eleições antecipadas? "Não é o momento, o país não aguentaria"

José Gomes Ferreira e Bernardo Ferrão analisam a remodelação do Governo e as responsabilidades políticas sobre o caso TAP.

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A mais recente polémica em torno do Governo tem gerado muita discussão e controvérsia. Na génese da questão está o polémico pagamento de uma indemnização a Alexandra Reis, aquando da sua saída da TAP. Na sequência desta circunstância Pedro Nuno Santos pediu a demissão e abandonou o cargo de ministro das Infraestruturas. José Gomes Ferreira e Bernardo Ferrão analisam a conjuntura política atual e as questões que faltam resolver.

Já com o "caos" instalado Marcelo Rebelo de Sousa decidiu manter a confiança no Governo atual e não avançar para eleições antecipadas. José Gomes Ferreira acredita que esta decisão do chefe de Estado é positiva para a governabilidade do país, uma vez que "não há razão para se dizer que todo o Governo está paralisado".

O facto de vários partidos terem pedido a dissolução do Parlamento não passou de uma questão de “oportunismo político-partidário”, considera, acrescentando que "não é o momento" para realizar eleições, já que "o país não aguentaria".

"A governação está demasiado atribulada desde que começou este novo mandato de António Costa", começa por dizer Bernardo Ferrão antes de destacar dois momento em que Marcelo Rebelo de Sousa "esteve bem": a gestão do processo que envolve o pagamento da indemnização a Alexandra Reis, não deixando que o assunto caísse no esquecimento, e a decisão de não avançar para eleições antecipadas, numa altura em que essa decisão apenas iria "aprofundar ainda mais a crise que já existe".

Relativamente à remodelação governamental que se avizinha, José Gomes Ferreira vinca que a escolha dos substitutos para os cargos que ficaram disponíveis tem de ser "certeira e de alguém com competência".

Questionado se a mudança poderá incluir o ministro das Finanças, o jornalista acredita que tal não deverá acontecer, já que o primeiro-ministro e Fernando Medina partilham a mesma "ideia das contas certas".

Presidente da TAP deve abandonar funções?

"Alguns partidos poderão pedir a saída. Eu, sobretudo, peço esclarecimentos. A presidente da TAP e os gestores da TAP têm de ir ao Parlamento explicar muita coisa", afirma José Gomes Ferreira.

Coisas essas que passam, segundo o jornalista, pelos motivos da saída de Alexandra Reis da TAP, a mudança da sede da companhia aérea, as contratações de serviços externos e ainda o pagamento de valores dos “leasings” dos aviões que se destinam a comissões.

Bernardo Ferrão vai ao encontro das palavras de José Gomes Ferreira e reitera que Fernando Medina não deverá abandonar o cargo de ministro das Finanças, apesar de ter ainda de clarificar o seu envolvimento na questão da polémica indemnização.

Quanto à continuidade da presidente da TAP, acredita que é necessário aguardar até existirem certezas quanto à sua verdadeira responsabilidade na mesma matéria

Relativamente à remodelação do Governo, o jornalista refere que esta não poderá passar apenas por Pedro Nuno Santos, mas sim por mais membros do Executivo. Estas mudanças, que serão conhecidas na próxima semana, devem passar também por "uma nova forma de pensar do próprio primeiro-ministro" , completa.