O boneco de António Costa esteve na dianteira de muitos carros alegóricos que saíram esta terça-feira da Alta de Coimbra, com o primeiro-ministro nos mais variados preparos.
Costa foi personalizado quer a tocar uma flauta para 'encantar' o Zé Povinho, a andar com um burro à trela ou de mão dada com o ministro das Infraestruturas, João Galamba, em cima de um túmulo onde estavam 'enterradas' Alexandra Reis e Christine Ourmières-Widener.
Ao contrário de anos recentes, onde as mensagens de cariz sexual, imagens fálicas e trocadilhos prosaicos dominavam a narrativa do cortejo, este ano, nas laterais da maioria dos carros adornados de flores com as cores dos cursos ou faculdades estiveram presentes mensagens sobre a falta de condições laborais e salariais num futuro próximo, a crise da habitação, ou a perspetiva de emigração como solução para arranjar trabalho.
"O Estado investe tanto na nossa formação e depois não nos segura cá", criticou a estudante de um carro que perguntam "onde estão os aplausos" aos profissionais da saúde depois da pandemia ter acabado.
Pelo cortejo surgiam também críticas mais locais, nomeadamente dirigidas à Câmara de Coimbra, acusando-a de preferir os Coldplay à festa dos estudantes, com os concertos a terem obrigado o cortejo a decorrer a uma terça-feira em vez do já habitual domingo.
O carro de Arquitetura, que tradicionalmente nunca leva flores, fazia uma alusão aos problemas do seu próprio departamento, em que há muito se reclama por obras estruturais num edifício degradado e "sem condições", explicou à Lusa a estudante Eva Castro.
"A estrutura é frágil, não tem teto e parece quase partida, tal como o edifício do departamento", afirmou.
Este ano o cortejo, para além de ser a uma terça-feira, em vez de acontecer ao domingo, terá um percurso ligeiramente diferente na Baixa da cidade, face às obras do Sistema de Mobilidade do Mondego, estando previsto terminar na Guarda Inglesa, na margem esquerda do rio Mondego.