Os interrogatórios aos arguidos da Operação Picoas, que envolve o sócio fundador da Altice, são retomados esta terça-feira.
Durante a tarde deverá ser a vez do empresários Armando Pereira prestar declarações ao tribunal. Hernâni Vaz Antunes será o último a ser interrogado.
Hernâni Vaz Antunes é suspeito de ter influenciado vários negócios a favor do empresário de Braga. A filha do empresário, Jéssica Antunes, foi ouvida esta segunda-feira.
A Operação Picoas levou Alexandre Fonseca, ex-co-CEO da Altice, a suspender funções no grupo.
Prédio em Lisboa rendeu mais-valia de 3,3 milhões de euros
O Ministério Público (MP) acredita que Hernâni Antunes ganhou vários milhões de euros com a venda de imóveis que pertenciam a empresas da Altice. Primeiro comprou os edifícios e logo a seguir vendeu-os, em pelo menos um caso, por quase o dobro do valor.

O caso que mais salta à vista é o de um edifício, junto à Embaixada da Rússia, em Lisboa. A empresa Almost Future - ligada a Hernâni Antunes - pagou 400 mil euros de sinal à Altice em junho de 2018.
Contudo, a escritura só foi feita um ano depois, em maio de 2019. Acredita o MP, que a escritura só foi marcada quando o amigo do fundador da Altice já tinha arranjado alguém a quem vender o prédio, assegurado, assim, lucros avultados. Os 3,3 milhões de lucro foram depois usados para repetir o esquema com outros edifícios de empresas da Altice.
Na rua Conde Redondo, em Lisboa, a empresa de Hernâni Antunes pagou o sinal em agosto de 2018, mas só fez a escritura praticamente dois anos depois. A empresa conseguiu comprar todo o prédio por 3,8 milhões de euros e logo depois revendeu-o por seis à empresa que, agora, o está a reabilitar. No total, lucrou 2,2 milhões de euros.
O mesmo aconteceu num edifício da rua Tenente Espanca, em Lisboa, que também está em obras. A Altice vendeu-o por 2,1 milhões de euros a uma empresa do amigo do fundador, que a seguir o revendeu por 3,6 milhões, ganhando assim 1,5 milhões de euros.