País

Tempestade Perfeita: ex-secretário de Estado fez concurso à sua medida e lucrou 60 mil euros

O concurso público e o preço foram acertados um mês e meio antes da assinatura do contrato. Uma assessoria de 61.500 euros para a negociação dos contratos de manutenção dos helicópteros EH-101.

Secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira
Loading...

Marco Capitão Ferreira escreveu o convite e o caderno de encargos para um concurso público do Ministério da Defesa. O ex-secretário de Estado foi o vencedor e por cinco dias de trabalho recebeu mais de 60 mil euros.

O concurso público e o preço foram acertados um mês e meio antes da assinatura do contrato. Uma assessoria de 61.500 euros para a negociação dos contratos de manutenção dos helicópteros EH-101.

De acordo com a documentação apreendida no processo Tempestade Perfeita, Marco Capitão Ferreira foi o autor das peças jurídicas do concurso público realizado pelo Ministério da Defesa, que o próprio venceu.

A informação é avançada pelo Correio da Manhã, mas foi confirmada pela SIC.

"Os dados são revelados numa troca de emails no início de Fevereiro entre Paulo Branco, Alberto Coelho, funcionário e dirigente da Direção-geral de Recursos da Defesa Nacional, e Marco Capitão Ferreira. Paulo Branco enviou uma proposta financeira dividida em duas partes. Duas acções de formação sobre temas a concordar e uma assessoria técnica para para o contrato de manutenção dos helicopteros EH-101."

As formações seriam de cerca de cinco mil euros mais IVA, por ajuste direto, e a assessoria 40 mil euros.

O ex-secretário de Estado da Defesa concordou com a proposta financeira, mas levanta a questão de se fazer uma consulta prévia a três pessoas e colocar a totalidade do montante. Nesse mesmo email indica que envia no dia a seguir o convite e o caderno de encargos.

O jornal Expresso indica ainda que terá sido uma conversa pelo WhatsApp entre os três arguidos que lançou a suspeita. Paulo Branco escreveu que Capitão Ferreira recebeu 50 mil euros para assessorar a negociação quando já existia um contrato com a Sérvulo e quando já se sabia que dias depois iria tomar posse como presidente da IDD, numa nomeação feita pelo então ministro da Defesa João Gomes Cravinho.

Marco Capitão Ferreira foi inicialmente constituído arguido no processo Tempestade Perfeita, mas está agora a ser investigado num processo autónomo.

A SIC confirmou ainda que no Ministério da Defesa Nacional já decorre, desde a semana passada, uma auditoria da Inspeção-Geral da Defesa Nacional.