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"Não podemos ter reações dramáticas", alerta o ex-presidente do IPMA

"Tenho de salientar o facto de este ano termos tido uma reação muito mais racional. Os autarcas estiveram à frente da situação e usaram a previsão no bom sentido", comentou Miguel Miranda, alertando para o facto de estes serem fenómenos naturais desta estação do ano, com os quais "teremos de ter a capacidade de viver".

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No Explicador desta quinta-feira, o ex-presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) Miguel Miranda analisou a primeira tempestade deste ano, a depressão Aline, afirmando que “É muito importante perceber que é uma tempestade de inverno”, sendo esta estação do ano “normal e é útil”.

“Temos uma situação que vista assim é uma boa situação, pois temos precipitação da bacia do Tejo. Esta é a primeira tempestade deste ano. Ela chama-se Aline, e é o A. Repare que ainda há de haver o B, o C, o D…”, explicou o especialista em Geofísica.

Relativamente às preocupações de inundações em zonas urbanas, Miguel Miranda alertou que este é um tipo de fenómeno para o qual as autarquias têm de estar preparadas.

“Nestas tempestades nas cidades, em muitas situações, há o que eu chamarei ‘armadilhas topográficas’, que levam a que haja acumulação de água. Por vezes, há certos entupimentos na rede de escoamento e, portanto, é preciso acorrer a eles”, alertou o especialista, relativamente à gestão deste tipo de fenómenos atmosféricos.

Previsões para os próximos dias

Todos os distritos do continente estiveram esta esta quinta-feira sob aviso laranja devido à chuva, vento e agitação marítima, segundo o IPMA.

Questionado sobre como deverá a situação evoluir nos próximos dias, Manuel Miranda explicou que a intensidade dos fenómenos tenderá a baixar nas próximas horas, ainda que a chuva deva permaneça mais uns dias.

"Para já a situação vai acalmar-se. Vai continuar a precipitação, mais uma vez, numa situação de armadilha topográfica poderão haver situações de tensão", explicou.

Oceano mais quente, logo atmosfera mais quente

Manuel Miranda explica que a tendência do aquecimento global motiva também um aumento da temperatura dos oceanos.

“O que acontece é que ele [oceano] disponibiliza mais energia para a atmosfera, para poder fazer este tipo de acontecimentos de chuva intensa”, podendo estes fenómenos vir a ser mais frequentes.

“Por cada grau de temperatura que a Terra aumenta, nós temos mais 7% de água na atmosfera. Nós temos 1,5% a 2% a mais de água na atmosfera, portanto vamos ter mais de 12% de água na atmosfera, logo estes acontecimentos vão-se multiplicar”, explica.

Dinâmicas no mar

Segundo o ex-presidente do IPMA, o mar não tem a mesma dinâmica da atmosfera, “o que significa que esta situação vai durar dias”.

Quando estamos a falar de 7 metros de altura significativa das ondas, isso significa que 10€ delas podem ter 14 metros. Portanto, a situação no mar vai prolongar-se mais uns dias, mas mais uma vez digo que esta será uma situação normal com a qual teremos de ter a capacidade de viver ", conclui.