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Quem é quem na defesa do Clima? Cor da tinta muda e o movimento também

O alvo mais recente foi o ministro das Finanças. Mas os protestos de jovens em defesa do clima têm sido quase diários e cada vez mais agressivos. A tinta, essa, ora é verde, ora vermelha, e há uma razão: são movimentos diferentes. Perceba quem é quem nesta luta climática.

Quem é quem na defesa do Clima? Cor da tinta muda e o movimento também
ANTONIO COTRIM/Lusa

No mesmo dia em que três jovens ativistas foram condenadas pelo crime de atentado à segurança do transporte rodoviário, o ministro Fernando Medina foi atacado com tinta verde na Faculdade de Direito, da Universidade de Lisboa. No último mês, este tipo de ações não só se tem repetido como intensificado. Mas sabia que os jovens não são todos do mesmo movimento?

O modus operandi é semelhante, mas há dois grupos diferentes “em ação”: o movimento Climáximo - que usa tinta vermelha - e a Greve Climática Estudantil, os jovens que optam pela tinta verde.

Se os primeiros têm causado mais incómodo, sobretudo aos automobilistas que circulam por Lisboa, os segundos têm escolhido como alvo principal governantes. O ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, e, mais recentemente, o ministro das Finanças foram, até agora, as duas vítimas da tinta verde.

Não menos mediáticas, até pela frequência com que acontecem, têm sido as ações dos “jovens Climáximos”. Este mês, quase todos os dias, têm sido notícia por cortes de trânsito ou por vandalizaram - lá está, com tinta vermelha -, sedes de empresas como a REN - Redes Energéticas Nacionais, ou até por se colarem a um avião da TAP.

Muitas vezes têm sido retirados à força dos locais pela Polícia de Segurança Pública (PSP). São levados para a esquadra, como aconteceu esta sexta-feira aos três jovens que atiram tinta a Fernando Medina, horas depois são libertados mas podem chegar a tribunal e até a ser condenados. Foi, aliás, o que aconteceu às três jovens do Climáximo que se sentaram no chão da Rua de São, no centro de Lisboa.

ANTÓNIO COTRIM/Lusa

A causa que defendem é compreendida pela maioria, governantes inclusive, mas as ações que protagonizam começam não só a ser “pouco eficazes” como o efeito surpresa se está a perder. O aviso é do Presidente Marcelo.

Quem é quem

O movimento Climáximo apresenta-se como “um colectivo aberto, horizontal e anti-capitalista”. No site renovado dizem fazem “parte do movimento internacional pela justiça climática” e partilham conceitos que, dizem, “estão na base da nossa visão do problema, da solução, e da nossa intervenção”.

O vermelho é a cor dominante do novo site, onde encontramos logo uma mensagem: “As emissões de 2021 condenaram à morte 9 milhões de pessoas. A cada hora, as empresas e governos condenam mais mil pessoas”. Qualquer pessoa pode juntar-se ao movimento ou ficar a par das “últimas novidades” que são, na prática, os protestos - e não são poucos.

E, claro, como geração das redes sociais que são, estão presentes no Instagram, twitter, Tiktok, Telegram, Facebook e Mastodon.

A Greve Climática Estudantil apresenta-se também como um coletivo (em tom verde) “de estudantes que luta por justiça climática”.

“Começámos em março de 2019, com a organização da primeira greve às aulas pelo clima internacional, no seguimento da convocatória do Fridays for Future internacional. Organizámos a greve climática de 24 de maio de 2019, fizemos vigílias, fomos às escolas dar palestras”, lê-se no site.

Há cerca de três anos, contam, “adaptámos o nosso ativismo à nova realidade e produzimos conteúdos de multimédia online”. Têm “núcleos locais espalhados um pouco por todo o país” e, tal como no Climáximo, qualquer pessoa pode juntar-se a “um movimento que vai transformar o mundo!”.

Não há ligação entre os dois movimentos e um está (muito) mais presente nas redes sociais, talvez por isso o Climáximo partilhe nas suas variadas plataformas digitais as ações da Greve Climática Estudantil.

Só entre o final de setembro e meados deste mês, atiraram tinta a dois ministros, bloquearam o trânsito na 2.ª Circular, cortaram a circulação em várias ruas no coração de Lisboa, vandalizaram a fachada da FIL e a sede da REN, colaram-se a um avião da TAP e atiraram tinta a um quadro de Picasso no Museu de Arte Contemporânea - CCB.