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Crimes em causa na operação influencer são "difíceis" de provar. Saiba porquê

O segredo de justiça da operação Influencer foi "violado sistematicamente", diz o advogado Pedro Marinho Falcão. As suspeitas estão "absolutamente escancaradas na praça pública", o que é "muito preocupante" porque põe em causa a imagem dos arguidos.

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Pedro Marinho Falcão, advogado, alerta que o segredo de justiça na operação Influencer foi "violado sistematicamente". Na visão do especialista, o Presidente da República apelou, no discurso ao país, a que a investigação "não adormeça". Na SIC Notícias, explica que os crimes em causa são difíceis de provar.

"Não há cidadão português que não tenha recebido no seu Whatsapp o despacho de indicação. Corre em todos os telemóveis", afirma o advogado, salientando que o segredo de justiça foi "violado sistematicamente".

Para Pedro Marinho Falcão, é "muito preocupante" que o despacho de indicação seja lido "sem ter em conta as provas que servem de base". Isso origina uma "espécie de julgamento na praça pública" e põe em causa, segundo o especialista "a reserva e a imagem dos arguidos".

"Os factos imputados por via da indicação aos arguidos estão absolutamente escancarados na praça pública (...). Antes de os arguidos serem julgados em tribunal, já foram julgados na opinião pública e sempre de forma muito negativa", reforça.

Para o advogado, o Presidente da República, no seu discurso ao país, deixou um apelo à procuradoria para "não deixar adormecer" a investigação.

"Se foi eficaz no momento em que deteve os arguidos, que continue com a mesma eficácia para clarificar factos", refere, até porque a "zona cinzenta prejudica a imagem" dos arguidos.

A justiça, "para ser materialmente adequada", tem de ser realizada em tempo útil e tem de permitir que os arguidos se defendam, aponta o advogado.

Na SIC Notícias, explica que os crimes em causa, que resultam de uma investigação "num longo espaço de tempo", são "difíceis de provar". Porquê?

"Irão ser demonstrados através da conjugação de interceções telefónicas e a análise de elementos constantes das contas bancárias", esclarece.

Ou seja, a "prova rainha" resulta de interpretações aos telefonemas e documentos. Essa interpretação depende de determinados fatores que podem "fazer a diferença". Pedro Marinho Falcão exemplifica: uma coisa é ouvir a escuta, outra coisa é ler o que foi dito. Neste caso, até o tom de voz pode fazer a diferença.