Em entrevista na Edição da Noite da SIC Notícias, a coordenadora do Bloco de Esquerda analisa o atual momento do país. Mariana Mortágua afirma que o Bloco de Esquerda (BE) vai a eleições e “luta por soluções” concretas. No dia em que Pedro Nuno Santos apresentou a candidatura à liderança do Partido Socialista (PS) a líder bloquista apresenta as bandeiras do partido na concorrida às eleições do próximo ano.
“É para ser determinante nessas alternativas que o Bloco de Esquerda vai a eleições e que luta por lutas, por compromissos muito concretos”, afirma Mariana Mortágua.
A crise no SNS e na habitação
Para a líder bloquista, “o mérito do BE é a coerência das sua posições”.
“O BE alertou muito cedo para aquilo que se estava a passar no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e ter sido intransigente dizendo ou retemos médicos ou vai haver uma crise no futuro. […] Porque identificámos a crise da habitação e as suas causas: são os vistos gold, são os residentes não habituais, são estrangeiros endinheirados que compram casas de férias que deviam ser para viver, expulsando as pessoas das cidades”, explica.
Segundo Mariana Mortágua, o BE é o “partido que denuncia estes problemas com maior clareza”, mas que também “têm mais soluções para os resolver".
Eleições antecipadas
Portugal está a pouco mais de três meses das eleições antecipadas, provocadas pela atual crise politica causada pelas investigações da Operação Influencer.
Questionada sobre a sua posição no partido, dependendo dos resultados nas eleições de dia 10 de março de 2024, a líder bloquista respondeu prontamente “Eu ainda agora aqui cheguei. Eu ainda estou só a começar e tenho muita confiança naquilo que o Bloco [de Esquerda] será capaz de fazer”.
“O BE não vai fazer menos do que determinar o país […] e já o fizemos no passado. O BE teve meio milhão de votos [em 2019] e quando isso aconteceu afastou a direita do poder e teve soluções para aquilo que as pessoas estavam a viver. E eu acredito que o Bloco vai fazer isso de novo ”.
Nova geringonça?
Questionada se o Bloco de Esquerda estará disponível para aliança política, Mariana Mortágua deixa uma certeza “O voto do BE impedirá qualquer governo de direita, qualquer aliança de direita, qualquer programa de direita”.
“Há outra coisa que eu quero dizer: O governo de PS falhou. E falhou porque não resolveu o problema da habitação, e agravou-o, não resolveu o problema do SNS, e não resolveu o problema das escolas. E falhou também na crise política, porque perpetuou um regime de promiscuidade entre a política e os negócios”, acrescentou.
Segundo a líder do BE, “Eu irei debater com o próximo secretário-geral do Partido Socialista seja ele quem for, e terá de assumir responsabilidades perante o que foi a governação da maioria absoluta”, defendendo que tem uma “solução para a habitação”.
João Galamba e Mário Centeno
Sobre João Galamba, Maria Mortágua afirmou que “Parece-me que já é mais ou menos óbvio - desde a comissão de inquérito à TAP - que João Galamba já não tinha condições políticas para assumir o cargo e que arrastar essa situações só contribui para a atual situação de descrédito que vivemos”.
Questionada se Mário Centeno tem condições para continuar no lugar de governador do Banco de Portugal, a líder do BE “afirmou que não há nenhuma novidade substancial nesta polémica”, confirmando que o seu partido sempre foi contra a nomeação de Mário Centeno para o cargo.
“O país não tem tempo para continuar a discutir estas brigas e guerras palacianas, entre o Palácio de São Bento e o Palácio do Banco de Portugal […] Mário Centeno tem as mesmas condições que tinha antes - que quanto a mim já não tinha condições", esclareceu.
Operação Influencer
Mariana Mortágua afirmou, no início da crise política resultante da investigação sobre a Operação Influencer, que “É importante para o bom funcionamento da democracia que o Ministério Público dê mais informações sobre o que está a ser investigado, sobretudo a uma das mais altas figuras do Estado [primeiro-ministro]”.
“Eu tenho dito duas coisas, em primeiro lugar que me preocupam as investigações que precipitaram a demissão do primeiro-ministro, e pela importância desta investigação acho que era importante que a senhora Procuradora Geral da República pudesse explicar o que se está a passar. Em segundo lugar, acho que não podemos esquecer o problema de fundo, que é mesmo um regime de facilitismo, uma rede de interesses que tem atravessado toda a Economia”, explica.