País

Reedição da geringonça? "Ele [Pedro Nuno Santos] está a ser muito inteligente e o PSD já está atrasado"

Para José Gomes Ferreira, Pedro Nuno Santos “está a ser inteligente”. "O PSD e os partidos que têm a aspiração para chegar ao poder sem o Chega, no centro-direita, já deviam estar a fazer esse discurso: um voto no Chega é um voto desperdiçado".

José Gomes Ferreira, diretor-adjunto de Informação da SIC
Loading...

Em análise na SIC Notícias, José Gomes Ferreira, diretor-adjunto de Informação da SIC, e Sebastião Bugalho, comentador da SIC, debatem o discurso de apresentação de Pedro Nuno Santos à liderança do Partido Socialista (PS). Apresentada a candidatura à liderança do PS, Pedro Nuno Santos admite que o momento não é o ideal, mas sublinha que a vida é assim e a política é assim também.

Discurso de “liderança”

Para Sebastião Bugalho, o discurso de Pedro Nuno Santos “foi como se ele, que já nem sequer está no Governo, estivesse a chefiar o governo que ainda é de António Costa, apesar de este estar demissionário”.

"Foi um discurso de liderança, de carisma, de risco, porque elogiou mas também criticou alguns dos seus protagonistas: o seu futuro antecessor e o seu futuro concorrente, José Luís Carneiro", afirmou Sebastião Bugalho.

"A notícia que mais me preocupava é o facto de Pedro Nuno Santos ter hoje garantido aos militantes do seu partido e ao país, que não vai entrar num combate contra o Ministério Público na campanha eleitoral. Que alívio!", acrescentou ainda.

"TAP não é um problema"

Para José Gomes Ferreira, Pedro Nuno Santos não considera que TAP seja problema, "porque nós [portugueses] já lá pusemos o dinheiro".

“Pusemos 3.650 milhões de euros na TAP e há mais 1.300 milhões que está na TAP-SGPS, que era do mesmo grupo, que está por conta do Ministério Ministério das Finanças na Parte Pública. Logo aí são 5 mil milhões de euros, que é um problema que a TAP deixou e que nós temos de pagar e que existe, sob a forma de dívida pública”, explica.

Segundo o diretor-adjunto de Informação da SIC, “já começou a campanha eleitoral”.

“Acabámos de assistir a um conjunto de indiciações sobre grandes negócios do Estado, lançados pelo Governo de que Pedro Nuno Santos fez parte, de que João Galamba fez parte, ou ainda faz parte, e que agora não vai ser discutido, é esse um risco enorme”, acrescenta

Reedição da geringonça?

Segundo Sebastião Bugalho, “Pedro Nuno Santos tem claramente o desafio da sua candidatura ser mais do que a reedição da geringonça”

“Ele assume isso: entra com Francisco Assis na sala, dirige-se ao centro político, fala dos empresários, fala de reformas. Há aqui um discurso, até nas coisas más, ironicamente, quando Pedro Nuno Santos faz este discurso de acenar o fantasma do Chega”, acrescenta.

Questionado sobre porquê que o candidato do PS terá mencionado o partido político Chega, Sebastião responde “que a mesma estratégia que deu a maioria absoluta a António Costa”.

“Quando Pedro Nuno Santos usa o fantasma do Chega, no seu primeiro discurso como candidato ao PS, está a dizer que muito mais do que reeditar a geringonça ele quer ganhar as eleições. E isso também deve causar algum alívio àqueles que temiam algum radicalismo. Mas como digo, estamos só no início”.

Para José Gomes, neste aspeto “Pedro Nuno Santos está a ser inteligente”.

“O PSD e os partidos que têm a aspiração para chegar ao poder sem o Chega no centro-direita já deviam estar a fazer esse discurso, que é dizer que um voto no Chega é um voto desperdiçado, porque não farão parte de um governo com o PSD. Portanto, ele está a ser muito inteligente e o PSD já está atrasado”, explica.