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“Não me vou demitir”: as explicações de Miguel Albuquerque às buscas na Madeira

O Presidente do Governo Regional da Madeira afirmou estar de consciência tranquila depois das buscas da Polícia Judiciária que culminaram na detenção de três pessoas. Sob suspeita estarão adjudicações de obras públicas.

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Miguel Albuquerque afirmou esta quarta-feira que não se demitirá da Presidência do Governo Regional da Madeira e mostrou-se disponível para colaborar “de forma ativa” com a PJ e os procuradores na investigação do Ministério Público.

O Presidente do Governo Regional disse ainda estar de consciência tranquila e esclareceu que a investigação que o envolve “nada tem a ver com a Quinta do Arco”.

Acrescentou que o que está em causa são um conjunto de adjudicações de obras públicas, incluindo a construção do teleférico do Curral das Freiras, o licenciamento da Praia Formosa e o concurso dos autocarros para a região autónoma.

“Eu não me vou demitir porque vou colaborar no esclarecimento da verdade. (...) Nunca fui acusado de nada e sempre tive a minha independência económica e postura correta perante empresários e sociedade”, garantiu.

Questionado sobre a detenção de Pedro Calado, presidente da Câmara do Funchal, disse não ter informações sobre esse processo, mas sublinhou que detido “é uma palavra que pode ter várias interpretações”.

Sobre o timing desta investigação, reconheceu que afetará a apresentação dos candidatos da coligação “Madeira Primeiro” (PSD/CDS) às legislativas, que aconteceria esta quarta-feira e que deverá, agora, acontecer apenas na próxima semana.

“Com este clima não temos condições, enquanto decorrem inquéritos, de apresentar listas nenhumas, vamos apresentar para a semana.”

Alertou ainda que a situação “pode ser aproveitada” para as legislativas caso seja usada como “arma de arremesso”.

Miguel Albuquerque quis também deixar claro que o ‘estatuto’ de suspeito “é o pior que podemos ter na vida política” e que, se for constituído arguido, tal servirá para se defender e prestar os esclarecimentos necessários.

“Eu tenho o direito como qualquer cidadão de não ser suspeito eternamente. (...) A constituição de arguido é um estatuto para as pessoas se poderem defender e prestar os esclarecimentos necessários.”

Questionado sobre a hipótese de ser constituído arguido e se, nesse caso, se demitirá, garantiu que não. “Vou ficar porque tenho que apresentar a minha defesa”, disse.

Recorde-se que esta quarta-feira, na sequência de buscas levadas a cabo pela PJ na Madeira, foram detidos Pedro Calado, presidente da Câmara do Funchal, e ainda dois gestores: Avelino Farinha, líder do Grupo AFA, e Custódio Correia.

O Ministério Público informou que as diligências ocorreram no âmbito de três inquéritos e que em causa estão factos ocorridos a partir de 2015, suscetíveis de consubstanciar crimes de atentado contra o Estado de direito, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, corrupção passiva, corrupção ativa, participação económica em negócio, abuso de poderes e de tráfico de influência.

No total, decorreram mais de 100 ações que envolveram quase 300 inspetores e agentes.

Segundo as suspeitas, Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, e Pedro Calado, presidente da Câmara do Funchal, facilitaram obras e terão sido recompensados por isso.