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De Norte a Sul, agricultores prometem não arredar pé e protesto continua a todo o gás

Portugal é, esta quinta-feira, palco de um mega-protesto que junta agricultores de todos os cantos do país. Várias estradas, autoestradas e pontes foram bloqueadas, numa altura em que a manifestação ainda não tem fim à vista.

De Norte a Sul, agricultores prometem não arredar pé e protesto continua a todo o gás
MIGUEL PEREIRA DA SILVA

Milhares de agricultores portugueses estão esta quinta-feira em protesto, numa revolta contra a falta de apoios, a carga de impostos e a concorrência desleal. Um pouco por todo o país, há estradas e autoestradas cortadas e o acesso às fronteiras está bastante condicionado.

Na região de Évora, a Autoestrada 6 foi cortada ainda antes do nascer do sol. Os agricultores em protesto criaram filas gigantescas, que causam transtorno na fronteira do Caia, em Elvas. A GNR ainda interveio, mas não impediu que a A6 se transformasse numa autoestrada sem caminho.

A25 cortada nos dois sentidos junto a Vilar Formoso

Na região de Vilar Formoso, cerca de 500 tratores e máquinas agrícolas cortaram a A25 nos dois sentidos. Os descontentes foram impedidos de avançar pela GNR, caso contrário, tal como planeado, chegariam à Guarda.

Prometem não arredar pé tão cedo e com eles trouxeram mantimentos para aguentarem o tempo que for necessário. Pela estrada há já indícios
de que por ali podem até vir a pernoitar.

Agricultores bloquearam ponte da Chamusca

No Ribatejo, 200 agricultores começaram a organizar-se por volta das 05:00 e uma hora depois deixava de ser possível fazer a ligação entre a Chamusca e a Golegã pela João Joaquim Isidro dos Reis. Com a marcha lenta, os agricultores acabaram por fechar a ponte ao trânsito durante quatro horas.

Os agricultores meteram depois a marcha-atrás, inverteram o sentido e rumaram para a A23.

Mogadouro e Coimbra dizem “presente”

A luta do profissionais da agricultura também chegou ao norte, mais concretamente a Mogadouro, em Bragança, onde dezenas de agricultores do planalto mirandês, descontentes com o aumento dos custos da produção, agravado pela falta de apoio aos efeitos da seca na região, avançaram em marcha lenta pelas ruas da vila.

Depois, prosseguiram para o IC5, a via rápida que passa ao lado do concelho, com destino à fronteira de Bemposta.

Também em Coimbra centenas de tratores e máquinas agrícolas percorreram em marcha lenta a Estrada Nacional 111 em direção à baixa da cidade, onde os promotores do protesto esperam juntar meio milhar de veículos.

A iniciativa partiu de um grupo de produtores agrícolas do Baixo Mondego, que se concentraram em Montemor-o-Velho, a cerca de 25 quilómetros de Coimbra.

Protesto arranca após Governo anunciar pacote de ajuda

O protesto, uma iniciativa do Movimento Civil de Agricultores, decorre um dia depois de o Governo ter anunciado um pacote de mais de 400 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC).

O pacote abrange entre outras, medidas à produção, no valor de 200 milhões de euros, assegurando a cobertura das quebras de produção e a criação de uma linha de crédito de 50 milhões de euros, com taxa de juro zero.

Segundo um comunicado divulgado na quarta-feira pelo movimento, os agricultores reclamam o direito à alimentação adequada, condições justas e a valorização da atividade.