São campos de frutos secos a perder de vista. Em apenas três anos, a área de cultivo de amêndoa e noz aumentou em cerca de 50%. Mas é na região do Alentejo que estão a surgir projetos modernizados e intensivos.
"Esse aumento tem acompanhado a tendência do que tem acontecido em outras regiões do país, mas aqui com mais expressão. Tem reduzido o aumento no último ano, já houve anos de crescimento maior do que o último ano, porque há mais escassez de terra e há preocupações de uma escassez de água futura", explica António Saraiva, diretor executivo da Portugal Nuts.
Dos cerca de 17 mil hectares de amendoal dos associados da Portugal Nuts, mais de 12 mil estão no Alentejo.
É a água de Alqueva que torna a região tão apetecível para as empresas investirem.
"É a razão de existirem aqui frutos secos. Eles existem com estas tipologias e este tipo de plantações modernas, com muita tecnologia, muito eficientes porque existe este recurso de água que há aqui próximo. Nós no país temos um equilibro de cerca de 50% de amendoal tradicional e 50% de amendoal moderno, e esta é a zona, por excelência, do amendoal moderno", diz António Saraiva.
"Esta conjugação do fator clima, sol, disponibilidade pelo menos de áreas consequentes e água foi absolutamente fundamental", explica Tiago Costa da NOGAM.
Só no ano passado, os cerca de 50 associados da Portugal Nuts produziram 7.900 toneladas de miolo de amêndoa e 1.2250 de noz.
Foi ano de desafios, mas a expectativa é de uma produção maior em 2024.
"Nós tivemos aqui, sobretudo o ano passado, um impacto grande em termos de produção que nos afetou em termos de produtividade e também de qualidade. Mas estamos a ver exatamente o inverso este ano. Estamos a ter um ano muito favorável (...) neste momento estamos a antecipar uma floração muito favorável e com uma boa perspetiva de produção", diz Tiago Costa.
"Temos gradualmente vindo a aumentar os volumes que processamos de amêndoa que comercializamos e projetamos para os próximos 4/5 anos, quando estes amendoais plantados nos últimos anos entrarem em produção, irá existir um desafio muito grande tanto na parte de capacidade industrial como na parte de mercado para o consumo desta amêndoa e desta produção", explica Miguel Chaves da Migdalo.
A produção de miolo de amêndoa continua a crescer em Portugal.
Se a tendência se manter, o país poderá ocupar o quarto lugar entre os maiores produtores do mundo e o segundo na Europa, logo a seguir a Espanha.