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"É tudo feito em cima do joelho": técnicos de reinserção criticam condições nas prisões

Além dos guardas prisionais, também os técnicos de reinserção social criticam as condições de trabalho nas prisões. Dizem que o perfil dos reclusos mudou, mas os estabelecimentos prisionais não se adaptaram.

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Questionados sobre a fuga de cinco reclusos do Estabelecimento Prisional de Vale dos Judeus, os técnicos de reinserção social falam numa situação "ridícula" que revela apenas parte dos problemas nas prisões.

"As práticas criminosas são de facto diferentes do que eram há 10, 15, 20 anos, contudo não se vê qualquer alteração aos procedimentos que tragam mudanças profundas", diz o presidente do Sindicato dos Técnicos da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, Miguel Gonçalves.

O sindicato pede mais vigilância e um reforço dos meios humanos.

"Quem escolhe o estabelecimento prisional para onde esses indivíduos são colocados é a direção-geral. Agora nós percebemos que é tudo feito em cima do joelho e por pessoas que não têm sensibilidade nenhuma, que não acompanham estas características da população reclusa do crime organizado (…) E depois dá este tipo de situações, conseguiram colocar cinco reclusos com as mesmas características no mesmo sítio", afirma Miguel Gonçalves.

Os mais recentes números, que estão no Relatório Anual de Segurança Interna e dizem respeito a 2023, mostram que a criminalidade violenta e considerada grave aumentou mais de 5% em comparação com 2022. Incluem-se crimes de extorsão, rapto ou roubo.

Em julho, o Governo recebeu do sindicato dos técnicos de reinserção 30 propostas para a modernização do sistema prisional. Até agora, todas sem resposta.