Nesta viagem pelos Castelos de Portugal, a visita aproxima-se do Rio Douro e ao tempo do Condado Portucalense. A SIC esteve em Numão, no concelho de Foz Côa, e no castelo onde terá nascido o famoso "magriço", em Penedono.
O castelo de Numão compreende dois hectares de memória milenar. E, hoje, é ainda possível percorrer as ruas bem delimitadas, onde nasceu a terra que agora está no sopé do monte.
Ainda antes de chegarem os Mouros, já existiria ali uma fortificação. Em meados do século X, aparece doado por D. Flâmula ou Chamôa Rodrigues ao Mosteiro de Guimarães. Vai mudando de mãos, é arrasado, reconstruído, até que Portugal se começar a desenhar.
Mas ali nunca foi fácil fazer vida e, com a perda de importância militar, o século XVI marcou o início da entrega ao abandono.
Hoje é, no entanto, ponto de visita que se quer obrigatório a quem explora o Alto Douro.
Estão em marcha projetos para consolidar as muralhas e melhorar as acessibilidades de um espaço que tem tido novos usos nos últimos anos.
Numão até pode ser metáfora das dificuldades em extrair sustento nesta zona, mas as pessoas resistiram por perto e os terrenos foram sendo moldados às necessidades e ao apurar de saberes ancestrais.
Junto a um rio Douro, que continua a ser fonte de vida para os que permanecem naqueles que, no ano 960, eram os domínios de Dona Flâmula Rodrigues.
Castelo de Penedono
Ela que que também herdou o castelo de Penedono. Mas a estrutura que hoje domina Penedono, resulta já da reabilitação do século XX do castelo com função residencial, mandado construir por Vasco Fernandes Coutinho, em meados de 1300.
Ainda que pareça manter traços que atestam os 6.000 anos de habitação contínua destas terras.
Mas foram mesmo os Coutinho, que deixaram marca indelével em Penedono. O filho de Vasco, Gonçalo Coutinho, foi um dos militares mais destacados no apoio ao mestre de Avis para se tornar D. João I.
No entanto, entre a história e a lenda, foi um filho de Gonçalo, que acabou por ficar impresso na imaginação nacional.
Mas ainda que a viagem até Inglaterra do Magriço e dos cavaleiros portugueses para defender 12 damas maltratadas seja apenas real nas páginas dos Lusíadas, Álvaro Coutinho terá mesmo nascido neste castelo.
Aventuras e desventuras que juntam encanto a um castelo que, por si só, é já destaque numa paisagem onde o belo e a dureza do terreno se unem numa aliança.