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ENTREVISTA SIC

"A causa do acidente está no rompimento de um cabo, que teria sido inspecionado de manhã"

O ex-bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Mineiro Aires, afirma que a causa do acidente no Elevador da Glória estará no rompimento de um cabo sujeito a tensão, apesar de uma inspeção realizada horas antes não ter detetado anomalias. Segundo o especialista, devido à idade do cabo, será improvável que se trate de um defeito de fabrico, sugerindo que outro fator tenha provocado a rutura súbita.

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O Elevador da Glória, um dos principais locais turísticos de Lisboa, descarrilou na quarta-feira, provocando a morte de 16 pessoas e ferindo mais de 20. A SIC teve acesso a um documento da empresa de manutenção que revela que o ascensor foi alvo de uma inspeção horas antes do acidente. A inspeção durou cerca de meia-hora e os técnicos deram "luz verde" a todos os parâmetros.

O cabo de aço que liga e sustenta os dois ascensores é um dos alvos da investigação. Peritos e investigadores terão de perceber o que provocou a avaria, o que fez com que se rompesse.

No Jornal da Noite da SIC, Carlos Mineiro Aires acredita que a causa do acidente está no rompimento de um cabo sujeito a tensão, que tinha sido inspecionado na manhã seguinte, embora não tivessem sido encontradas anomalias. O ex-bastonário da Ordem dos Engenheiros explica que, devido ao tempo de vida útil do cabo, apontado como 263 dias, é improvável que se trate de um defeito de fabrico e que terá sido outro fator a causar a rutura súbita do cabo.

"A questão é saber por que razão o cabo rompeu, quando, de acordo com o relatório, às 9 horas da manhã, foi inspecionado numa viagem completa, que era a essência do protocolo, e nessa altura estaria em condições", frisa.

Explica que este tipo de funiculares tem um sistema de travões, mas que estes não terão sido suficientes para sustentar o peso da infraestrutura.

O ex-bastonário afirmou que este incidente levanta sérias preocupações sobre a segurança dos turistas nos pontos turísticos mais populares de Lisboa, colocando em causa a confiança nas infraestruturas portuguesas. A imprensa internacional já questiona a segurança oferecida, o que gera desconfiança em relação à fiabilidade das infraestruturas no país.

Sobre as vistorias técnicas que deverão ser realizadas em breve a outros sistemas semelhantes, Carlos Mineiro Alves defende que os "cabos vão ter de ser analisados à lupa", algo que não terá acontecido durante a manutenção feita antes do acidente, assim como a verificação do sistema de suspensão e a reavaliação da adoção de meios tecnológicos que permitam uma monitorização detalhada do aparelho, de forma a evitar acidentes.