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Elevador da Glória: cabo terá rebentado no início da descida, senão "poderíamos ter mais vítimas"

O especialista em Ciências Forenses, Paulo Vieira Pinto, explicou em entrevista à SIC Notícias o processo de investigação do acidente com o Elevador da Glória em Lisboa.

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As autoridades mantêm-se no terreno a investigar e apurar as causas do trágico acidente com o Elevador da Glória, nesta quarta-feira. Em entrevista à SIC Notícias, Paulo Vieira Pinto, especialista em Ciências Forenses explicou que este tipo de situações “exige uma análise técnico-científica rigorosa”, nomeadamente, na identificação das vítimas.

Revelou ainda que foram ativados os protocolos que permitem a colaboração entre as autoridades portugueses e as internacionais, uma vez que no acidente morreram pessoas de mais de 10 nacionalidades.

“Acredito que nas próximas horas tenhamos a identificação completa das vítimas”, adiantou.

Em investigação estão também as causas do acidente. É mais um campo em que a ciência forense pode dar o seu contributo, nomeadamente, no que diz respeito à reconstituição da dinâmica do elevador.

“Sabemos que o elevador funciona através de um cabo, que garante o movimento pendular. Pelas imagens, tudo indica que esse cabo terá rompido logo no início da descida”, sublinhou.

Paulo Vieira Pinto acrescentou ainda que, caso a rutura tivesse acontecido quando os dois ascensores se cruzavam a meio do percurso, “o número de vítimas poderia ter sido muito maior do que o que já lamentamos”.

O perito lembrou ainda que o acidente envolveu um elevador com mais de 140 anos de funcionamento e questionou se a manutenção em curso, mesmo que esteja a ser cumprida, será a suficiente para o número de viagens que o ascensor faz e a quantidade de pessoas que transporta todos os dias.

O acidente com o elevador da Glória fez 16 mortos e deixou cinco pessoas em estado grave. O Governo decretou um dia de luto nacional e a Câmara de Lisboa, liderada por Carlos Moedas, declarou três dias de luto municipal em homenagem às vítimas.