Esta é a segunda parte da conversa no 45 Graus sobre políticas identitárias, wokismo e justiça social. Depois de, no primeiro episódio, se terem explorado as ideias centrais desta nova visão e as suas tensões com a esquerda clássica, aqui a discussão avança para terrenos mais concretos. O papel das redes sociais na amplificação destas ideias, a dificuldade de compromisso em torno de temas tão carregados de emoção, e ainda a pertinência ou não de quotas de género e raciais são alguns dos pontos debatidos com profundidade e espírito crítico.
Ao longo da conversa, Miguel Vale de Almeida e Patrícia Fernandes confrontam-se também com questões que marcam o debate público atual: o crescimento da direita populista, os desafios da imigração em Portugal e a chamada “ideologia de género”. Com posições distintas mas igualmente bem fundamentadas, ambos contribuem para um debate raro em Portugal, que não foge à complexidade do tema e dá espaço ao diálogo em vez da polarização.
A conversa percorre temas como a ideia de “autoridade epistémica da experiência”, segundo a qual apenas quem pertence a um grupo pode falar legitimamente sobre ele, e a forma como símbolos e linguagem se tornaram centrais nas novas guerras culturais. Enquanto Miguel chama a atenção para os riscos de transformar a questão trans em papão político que ameaça direitos conquistados, Patrícia alerta para a obsessão com certos temas que, no seu entender, já não são os problemas mais centrais, defendendo até a hipótese de medidas de ação afirmativa para rapazes no contexto escolar.
O 45 Graus é um podcast para saber mais e pensar criticamente. José Maria Pimentel - economista, professor universitário e curioso por natureza - conversa sobre os grandes temas (e não só) com especialistas e pessoas cujas ideias vale a pena ouvir. São conversas sem pressa, às vezes profundas, mas sempre descontraídas. Novos episódios a cada duas semanas, sempre à quarta-feira.