O afogado da boda remonta às tradições locais de Proença-a-Nova: carne de cabra de peça selecionada para os dias de festa e onde o segredo é apenas a qualidade dos ingredientes e o amor que se coloca no casamento entre todos elementos. Tudo em lume demorado para apurar os sabores, até ao resultado final.
“Como o próprio nome indica, é o prato do casamento por excelência. Era aquilo que as pessoas tinham de melhor para oferecer a quem convidavam e, normalmente, era a aldeia em peso que ia fazer a festa”, explica Joana Pereira, do restaurante Casa Ti'Augusta, localizado na aldeia de xisto da Figueira.
A carne de excelência é acompanhada com o melhor que sai das hortas e relembra outros tempos, com marca da influência rural e uma pitada alentejana em plena Beira Baixa.
“A carne de cabra é cozinhada com vinho branco e hortelã. É aqui que se faz a grande distinção do que é normalmente associado à chanfana. Não é cabra velha, é cabra adulta, mas mais nova, com uma carne mais tenra”, descreve Joana Pereira, acrescentando que “é natural que tenha havido alguma ‘promiscuidade’ entre a gastronomia alentejana, onde é usado o borrego por ser o mais abundante, e a nossa, que passou a usar a carne de cabra porque era o que as pessoas dispunham para oferecer”.
Manda a tradição que “a cabra venha na caçarola de barro, com o pão, que era panado em ovo e frito, e colocado à volta daquela carne, e daí o ‘afogar’” que deu nome ao prato.