Repórteres do Mundo

Um escândalo no Reino Unido, espiões russos escondidos em barcos de pesca e uma investigação aos super agers

O testemunho de crianças que foram injetadas com sangue contaminado numa escola no Reino Unido, a suspeita da Noruega em torno dos barcos de pesca russos e um estudo sobre um possível segredo para envelhecer mais lentamente são algumas das propostas do Repórteres do Mundo.

Loading...

Serão os barcos de pesca russos um esconderijo para espiões?

A maior parte da Europa fechou-se à Rússia no início de 2022, quando começou a Guerra na Ucrânia. As sanções a Moscovo proíbem importações e exportações. Os portos e os aeroportos também estão bloqueados, mas há exceções.

Na Noruega, os barcos russos continuam a poder pescar em águas norueguesas e podem atracar em três portos do país. O Governo de Oslo diz que a cooperação é fundamental para garantir o equilíbrio das espécies. Mas as autoridades portuárias admitem já ter encontrado provas de espionagem e de contrabando.

Após a invasão da Ucrânia em 2022, passaram a existir regras estritas para o tipo de tecnologia que pode ser exportada para a Rússia. De acordo com a chefe da polícia de Finnmark, na Noruega, é provável que alguns dos barcos estejam envolvidos no contrabando desses produtos. É tecnologia que, na pior das hipóteses, pode ser utilizada para fins militares.

Acontece frequentemente a polícia encontrar coisas especiais a bordo dos barcos quando verifica os passaportes dos marinheiros que chegam como, por exemplo, transmissores de rádios militares.

A polícia também encontrou material escrito que pode indicar que alguns barcos estão em missões de espionagem.

Shakhtar Donetsk cria equipa de futebol de “heróis” marcados pelos horrores da guerra

Ajudaram a defender a Ucrânia contra a invasão da Rússia e pagaram um preço elevado. Oleksander, por exemplo, pisou uma mina durante um ataque. Atualmente faz parte de uma equipa especial de um dos mais conhecidos clubes da Ucrânia, mas garante que vai voltar à guerra.

Na Ucrânia, há toda uma geração de homens marcada pelos horrores da guerra. Aos milhares, os soldados ucranianos feridos regressaram a casa para uma vida civil que pode ser difícil de gerir.

O Shakhtar Donetsk, um dos mais conhecidos clubes da Ucrânia, pôs estes homens a jogar futebol. Mas não se trata apenas de futebol, este projeto quer dar uma nova vida aos veteranos de guerra, para alguns trata-se até de voltar à frente de batalha.

Todos foram soldados do exército ucraniano e todos ficaram feridos na guerra. Apesar de não poderem jogar o futebol que se joga ao mais alto nível, o treinador não tem dúvida sobre a qualidade da equipa.

“Orgulho-me de poder trabalhar com eles. Vejo-os como heróis. Eles são guerreiros”.

Escola criada para receber crianças hemofílicas usou sangue contaminado nos alunos

Há mais um escândalo a pôr em causa a atuação dos serviços de saúde do Reino Unido. Gery, Steve, Richard e Hade deixaram a escola de Treloar há quase 40 anos, mas o legado do tempo que por lá passaram é devastador.

Nascidos com hemofilia os pais enviaram-nos para a escola na esperança de que as instalações médicas no local lhe permitissem ter uma infância tão normal como possível. Mas, a escola, criada para receber crianças hemofílicas, usou sangue contaminado nos alunos.

"Viemos para esta escola para sermos educados e perdemos tudo".

As crianças foram usadas, sem o conhecimento dos pais, em experiências. Eram injetadas três vezes por semana, algumas foram infetadas com VIH e Hepatite C. Dos 123 alunos que frequentaram a escola, 75 morreram. Muitos dos que sobreviveram não podem trabalhar ou ter uma família.

O presidente do inquérito, Brian Langstaff, concluiu num relatório de 2.527 páginas divulgado na última segunda-feira que as crianças do Treloar foram tratadas com vários concentrados comerciais que eram conhecidos por apresentarem maiores riscos de infeção.

“Quero entregar à próxima geração uma terra melhor do que recebi”

Nos últimos anos, as imagens de campos e colheitas ressequidos mostraram o significado do aquecimento global. O norte da Baviera quer inverter esta tendência. As autoridades e os agricultores estão a pôr em prática um projeto piloto para se tornarem resilientes ao clima.

Os níveis das águas subterrâneas estão a diminuir em muitas regiões e o distrito de Neustadt an der Aisch/Bad Windsheim, no norte da Baviera, quer inverter esta tendência. As autoridades e os agricultores estão a pôr em prática um projeto piloto para se tornarem resilientes ao clima.

Os magníficos campos da zona estão a ser ameaçados pela seca crescente. Esta é uma região que teve sempre a desvantagem de o solo ter a dificuldade de absorver a água, mas só recentemente é que se tornou um problema, devido a uma série de anos invulgarmente quentes. Foi então que se percebeu que era preciso fazer alguma coisa.

Começaram, por exemplo, a plantar árvores ao longo de pequenos cursos de água para que a sombra impedisse que a água seque durante o verão. Esta é apenas uma das medidas do programa de resiliência climática, desenvolvido por políticos locais e especialistas em água.

Michael Shruffer, distinguido como agricultor alemão do ano, diz: "Quero entregar à próxima geração uma terra melhor do que recebi".

Já ouviu falar dos super agers?

Ulrich Scheel tem 84 anos e é praticante de karaté. Gisela Opitz tem 86 e é guia na Catedral de Magdeburg. Estes dois alemães são a prova de que a idade pode mesmo ser só um número. Haverá um segredo para envelhecer mais lentamente?

Ulrich e Gisela têm uma vida ativa e uma memória invejável. Dizem que tiveram uma vida normal e nunca abdicaram do que lhes dá prazer. Fizeram tudo, mas tudo com moderação. Os super agers estão a ser estudados por investigadores da Universidade de Magdeburgo.

Na investigação os super agers são as pessoas que, numa idade acima dos 80 anos, têm uma memória boa ou igual a uma pessoa de 50 ou 60 anos.

A equipa de especialistas tenta perceber porque alguns cérebros são mais eficientes na velhice do que outros. Analisam, por exemplo, a aptidão física dos participantes no estudo, mas ainda não se sabe se há influência direta no desenvolvimento do cérebro na velhice.

Para já, as investigadoras presumem que os cérebros das pessoas socialmente ativas, que têm muito contacto com os outros, envelhecem mais lentamente.

Surpreendente história de dedicação: gata torna-se “mãe” de animais pouco prováveis

Os pintainhos são conhecidos por serem uma das presas favoritas dos gatos, mas nesta história presa e predador vivem bem juntinhos. Uma gata escolheu ser mãe em vez de ter uma refeição deliciosa.

Jangiz Hamad encontrou uma gata no jardim de casa, deu-lhe comida e foi ficando por lá. Deu-lhe a responsabilidade de cuidar dos seus pintos. Já passaram seis anos e continua a transportar os pintainhos para o gatil sem lhes fazer mal.

“Comprei alguns pintainhos no mercado e trouxe-os para casa. Ela começou a misturar-se com eles. No início tive medo que os comesse. Afastei-a, mas ela queria ser uma mãe para eles”.

Ao longo dos últimos seis anos criou mais de 100 pintos. No quintal da casa há outros pássaros e gatos, mas nenhum se atreve a aproximar-se dos pintainhos e dos gatinhos, porque a mãe faz tudo o que é preciso para os proteger e evitar que os outros animais comam as suas refeições.

Hamad leva 20 a 30 pintos para a gata cuidar de dois em dois meses e garante: “A gata desempenha um papel melhor do que a galinha na criação dos pintos. Ela cuida muito bem deles. Não sei o que fazer se a gata morrer”.

Hamad já tem um plano novo para a gata: cuidar de perus.