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Tráfico de droga: "Nas redes sociais é o faroeste"

Devin tinha 19 anos quando morreu com uma overdose depois de comprar um comprimido para as dores no Snapchat. O comprimido estava misturado com uma dose letal de fentanil. Em Portugal já há casos de pedido de ajuda devido à dependência deste analgésico opioide altamente viciante.

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Quatro anos depois, a mãe ainda chora, mas encontrou uma missão: evitar que outros jovens morram da mesma maneira. É porta-voz de um projeto de lei que será levado ao Congresso norte-americano para responsabilizar as redes sociais e obrigar as plataformas a denunciarem casos suspeitos de tráfico de droga.

“Há uma desconexão completa entre o que acontece nos média reais, onde há regras, e nas redes sociais onde é o faroeste”.

Nos Estados Unidos, um em cada três casos de tráfico de droga está relacionado com as redes sociais. No Minnesota, 92% dos casos de overdose são provocados por fentanil.

Nos EUA é já a principal causa de morte em pessoas com menos de 50 anos. O país atravessa uma verdadeira “epidemia” da substância, que também é a droga dominante traficada nas ruas.

Casos de dependência de fentanil em Portugal

Em Portugal, já há pedidos de ajuda por dependência de fentanil, o analgésico opioide altamente viciante que está a provocar dezenas de milhares de mortes por ano nos Estados Unidos da América.

A Direção-Geral da Saúde comunicou entretanto que “não tem competências sobre a regulação e monitorização do setor farmacêutico” face à nova crise de dependência de fentanil que tem aumentado em Portugal. No entanto, irá rever uma circular informativa de 2008 que emitia orientações sobre a prevenção e controlo da dor.

O fentanil é o quarto analgésico opioide mais receitado em Portugal, de acordo com o Infarmed. Em 2022, foram vendidas nas farmácias portuguesas 306.084 embalagens, o que equivale a 840 por dia.

Nas farmácias, o fentanil é vendido sob a forma de comprimidos ou adesivos, mas pode também ser injetado, em contexto hospitalar.

Como é bastante mais forte do que outros opioides, como a morfina, por exemplo, esta substância é utilizada em situações de dor intensa, aguda ou crónica.

Situação preocupante também no México

O consumo de fentanil também está a aumentar e a causar cada vez mais mortos no México. Quem o diz são as organizações humanitárias de apoio aos toxicodependentes, que acusam o Governo mexicano de não se preocupar com a situação.

A situação no México preocupa os voluntários. Todos os dias percorrem as vielas de Juarez para testar as drogas que alguém está prestes a injetar.

Cerca de 93% da heroína, cocaína e anfetaminas consumidas no México têm fentanil, um opioide perigoso que mata em pequenas quantidades, mas que também aumenta o efeito de outros estupefacientes.