"A procuradoria-geral espera, depois de apresentar em breve o pedido (de extradição) a Moscovo, receber uma resposta positiva da procuradoria-geral da Federação Russa", indica um comunicado.
O documento sublinha que "a realização de uma conferência de imprensa em Rostov-no-Don (cidade meridional russa) por parte do cidadão ucraniano Viktor Ianukovitch é uma confirmação do facto de que este se encontra no território da Federação Russa".
Kiev recorda que o direito internacional e a Convenção Europeia sobre a entrega de pessoas que infringiram a lei (1957) regulam os processos de extradição entre a Ucrânia e a Rússia.
Entretanto, o procurador-geral, Oleg Majnitski, recordou que a justiça ucraniana autorizou a detenção do chefe de Estado deposto para ser processado penalmente.
"Foi parar à Rússia através da Crimeia com a ajuda de oficiais patriotas de um Estado desconhecido, depois de a Ucrânia já ter emitido um mandado de busca e captura internacional de Ianukovich", explicou.
Há umas horas, a procuradoria-geral tinha adiantado que pediria a extradição de Ianukovich se se confirmasse oficialmente que se encontra em território da vizinha Rússia.
O comunicado oficial recorda que o Presidente deposto fugido é suspeito de assassínios em massa e premeditados e de abuso de poder e que a Justiça ucraniana já ordenara a sua detenção, bem como a de vários dos seus colaboradores mais próximos.
A Rada Suprema (parlamento) pediu esta semana ao Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, que julgue Ianukovich e outros antigos altos responsáveis por crimes contra a humanidade.
As novas autoridades acusam-nos do "assassínio em massa" de cidadãos ucranianos "durante as ações de protesto maciças no período compreendido entre 21 de novembro de 2013 e 22 de fevereiro de 2014".
Ianukovich quebrou hoje, numa conferência de imprensa em Rostov-no-Don, o silêncio que mantinha desde que fora destituído, a 22 de fevereiro último, para afirmar que continua a ser o Presidente legítimo da Ucrânia.
"Chegou a hora de dizer que tenho a intenção de continuar a lutar pelo futuro da Ucrânia. Ninguém me derrubou. Tive de abandonar a Ucrânia devido às ameaças contra a minha vida e a da minha família", disse.
Segundo Ianukovich, o poder em Kiev "foi usurpado por nacionalistas e pró-fascistas, vândalos... que são a absoluta minoria dos habitantes da Ucrânia".
"Nunca ordenei à polícia que disparasse", garantiu Ianukovich, acusando as potências ocidentais de contribuir para a anarquia no seu país ao apoiar cegamente os manifestantes da praça Maidan (da Independência).
Lusa