Cultura

“É uma grande honra e uma enorme responsabilidade”

Para Annie Ernaux receber o Nobel da Literatura é também a demonstração de uma forma de "verdade, de justiça em relação ao mundo".

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A escritora francesa Annie Ernaux, distinguida esta quinta-feira com o Nobel da Literatura, considerou que é "uma grande responsabilidade" receber este prémio, como demonstração de uma forma de "verdade, de justiça em relação ao mundo".


Annie Ernaux, 82 anos, reagiu à atribuição do prémio em declarações à televisão sueca SVT, pouco depois de a Academia Sueca ter anunciado o seu nome e ter admitido que não tinha conseguido contactá-la antecipadamente.


No anúncio, o secretário permanente da academia, Anders Olsson, afirmou que Annie Ernaux é distinguida "pela coragem e pela perspicácia imparcial com que desvenda as raízes, as indiferenças e as limitações coletivas das memórias pessoais".


"Na sua escrita, de forma consistente e a partir de diferentes perspetivas, Ernaux examina a vida, marcada por fortes disparidades sobre género, linguagem e classe. O seu caminho para a criação autoral foi longo e árduo", lê-se na justificação da academia.


Autora de "Os Anos" e "Uma Paixão Simples", Annie Ernaux, nome sempre falado para os principais prémios literários, regressou à primeira linha das possíveis escolhas para o Nobel da Literatura, exatamente após a publicação do seu romance "O Acontecimento", baseado na sua própria experiência.


"Considero que é uma grande honra que fazem e para mim é ao mesmo tempo uma enorme responsabilidade ao darem-me o prémio Nobel. Ou seja, é a prova [...] de uma forma de verdade, de justiça em relação ao mundo", afirmou a escritora à SVT, citada pela agência France Presse.


Nascida em Lillebonne, na Normandia, em 1940, Annie Ernaux formou-se em Letras Modernas nas universidades de Rouen e de Bordéus.


Foi distinguida com o Prémio de Língua Francesa (2008), o Prémio Marguerite Yourcenar (2017), o Prémio Formentor de las Letras (2019) e o Prémio Prince Pierre do Mónaco (2021) pelo conjunto da obra.


Na história da atribuição do Nobel da Literatura, contando já com Annie Ernaux, apenas 17 mulheres foram distinguidas entre 118 laureados, a última das quais a poeta norte-americana Louise Gluck em 2020.


A literatura francesa volta a ser reconhecida pelo Nobel da Literatura, depois de, já neste século, ter sido atribuído a Patrick Mondiano (2014) e a J.M.G. Le Clézio (2008). Segundo contas da AFP, desde a fundação do prémio Nobel, foram atribuídos prémios a 16 autores franceses.


Em 2021, o Prémio Nobel da Literatura foi atribuído a Abdulrazak Gurnah, escritor tanzaniano radicado no Reino Unido.


Em 1998, a academia sueca reconheceu o escritor português José Saramago.


O Prémio Nobel da Literatura, que tem um prémio monetário de 10 milhões de coroas suecas (cerca de 920 mil euros), será entregue a 10 de dezembro.


Na sexta-feira será anunciado o Nobel da Paz e na próxima segunda-feira o Nobel da Economia.