Atenção, caro espectador: não se precipite… a imagem que ilustra este texto não está de pernas para o ar… Mesmo se Fred Astaire nela aparece… de pernas para o ar!
Estamos perante um velho e sofisticado efeito especial (executado com um cenário rotativo, acoplado à câmara de filmar), aqui num filme de 1951, “Casamento Real”, que outros utilizaram em diversos momentos da história do cinema — lembremos, por exemplo, uma cena do clássico “2001: Odisseia no Espaço” (1968), de Stanley Kubrick. Neste caso, Fred Astaire celebra, dançando, a sua paixão pela personagem de Sarah Churchill naquela que é, afinal, uma cena clássica do género musical tal como foi praticado na “idade de ouro” de Hollywood.
No começo da década de 50, o musical era, de facto, um dos modelos de espectáculo mais popular, não apenas nos EUA, mas nas salas de cinema de todo o mundo — o lendário “Serenata à Chuva”, de Gene Kelly e Stanley Donen, surgiria um ano mais tarde. Donen, precisamente, assina “Casamento Real”, com Fred Astaire e Jane Powell nos papéis principais.
O título refere-se ao casamento da futura rainha Isabel II com o príncipe Filipe, em novembro de 1947 — Astaire/Powell interpretam dois irmãos protagonistas de um espectáculo da Broadway que, precisamente por essa altura, está marcado para uma temporada em Londres.
As histórias românticas em que se envolvem vão-se desenvolvendo também através da dança e das canções, com música de Burton Lane e letras de Alan Jay Lerner — a sua composição “Too Late Now” obteve uma nomeação para o Óscar de melhor canção. Em resumo, este é um título modelar de um modelo de espectáculo que teve os seus tempos de maior glória (e também de maior volume de produção) nas primeiras décadas do cinema sonoro.