No dia a seguir a ser entregue o plano de reestruturação da TAP em Bruxelas, Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação, explicou, em entrevista à SIC Notícias, a razão porque queria levar o documento a votos no parlamento.
“O Parlamento devia ser ouvido e [ter-se] comprometido com uma decisão”, afirma, lembrando que, nas votações na especialidade do Orçamento de Estado para 2021, os partidos anularam a transferência de capital do fundo de resolução para o Novo Banco. O ministro alerta que esta situação poderá voltar a acontecer com a companhia aérea.
Confrontado com as declarações de António Costa, que recusou levar o plano de reestruturação da TAP ao escrutínio da Assembleia da República, o ministro recusou-se a “alimentar essa polémica”. Pedro Nuno Santos destaca que a reestruturação da companhia aérea necessita de “um quadro de estabilidade” e, por isso, considera benéfico que “os partidos assumissem posições”.
“Não podemos ter receio da democracia, se achamos que há uma decisão com impacto brutal temos de estar disponíveis”, sublinha.
A negociação com a Comissão Europeia será “uma interação difícil”, admite o ministro. Sem prazo definido, o Governo espera que em início de fevereiro já possa haver uma resposta definitiva da Comissão Europeia para um plano que o próprio ministro considera "agressivo".
“Se falharem as negociações em Bruxelas, a TAP é liquidada”, avança o ministro.
Pedro Nuno Santos reforça a importância da companhia aérea e lembra que “deixar cair a TAP representaria perdas para o país muito maiores do que a injeção”.
Quando questionado sobre o número de funcionários da empresa que vão ser dispensados durante a reestruturação, o ministro afirma que o “corte salarial até 25% permite poupar entre 600 a mil postos de trabalho”. No entanto, avança que estão previstos cerca de dois mil despedimentos. A companhia tem “um custo unitário superior ao de concorrentes direitos”, o que “torna a capacidade que concorrencial da TAP muito difícil”. Pedro Nuno Santos avança ainda que “haverá saída em todas as categorias”, uma vez que a questão não é apenas salarial.
“Se há alguém que se tem batido a sério para salvar a TAP, sou eu”, reforça lembrando que a companhia aérea tem “neste momento um problema sério” com uma “quebra de negócio de 70%”, devido ao impacto da pandemia de covid-19.
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