Economia

UGT diz que patrões estão a fazer "birra"

Reação à decisão das confederações patronais de suspenderem a participação na concertação social em protesto pelas alterações às leis do trabalho aprovadas no último Conselho de Ministros.

UGT diz que patrões estão a fazer "birra"
MANUEL DE ALMEIDA

O secretário-geral da UGT acusou as confederações patronais de estarem a fazer "uma birra" ao suspenderem a sua participação na concertação social e defendeu que é tempo de alterar as leis laborais de 2012.

Estas posições foram transmitidas por Carlos Silva à entrada para a reunião da Comissão Política Nacional do PS, em Lisboa, que excecionalmente foi aberta a todos os deputados socialistas e que analisará o estado das negociações do Orçamento do Estado para 2022 entre Governo, Bloco de Esquerda, PCP, PEV e PAN.

Questionado sobre a decisão das confederações patronais de suspenderem a sua participação na concertação social em protesto pelas alterações às leis do trabalho aprovadas no último Conselho de Ministros, na quinta-feira, o secretário-geral da UGT considerou essa reação "um exagero".

"Diria mais, foi uma birra da parte dos patrões. Patrões, UGT e CGTP-IN, enquanto parceiros sociais, apresentaram todos em devido tempo os seus contributos para a Agenda do Trabalho Digno e sobre valorização dos jovens no mercado de trabalho. Não sei a razão para haver tanto espanto da parte dos patrões, quando sabiam que alguns dos contributos tiveram pelo Governo uma aceitação que está prevista no conjunto de medidas agora a implementar", apontou Carlos Silva.

O secretário-geral da UGT deixou depois uma pergunta:

"Será que os patrões acham que o acordo patriótico de 2012 é para se manter eternamente?"

"Já passaram nove anos. Vamos manter exatamente o mesmo nível de indemnizações compensatórias por despedimento? Vamos manter os dias de férias sem chegar aos 25? Não sei de onde vem a surpresa", questionou ainda.

Interrogado se o Governo atuou em matéria de leis laborais nas costas das confederações patronais, tal como se queixam as confederações patronais, Carlos Silva contrapôs que o assunto já foi levado pelo executivo à concertação social.

"Aquilo que o Governo recebeu [da parte das confederações patronais] foi uma nega em relação à Agenda para o Trabalho Digno. Ora, o Governo não podia ficar de mãos atadas", defendeu.

Revisão das leis laborais: solução na "diplomacia negocial"

Questionado sobre o facto de PCP e Bloco de Esquerda considerarem insuficientes as medidas do Governo em matéria de revisão das leis laborais, o secretário-geral da UGT respondeu que a solução está na "diplomacia negocial, aquilo que o Governo está a fazer".

"Ouvi a ministra [de Estado e da Presidência] Mariana Vieira da Silva dizer que nada está encerrado. Percebi também, da parte da ministra da Modernização e da Administração Pública [Alexandra Leitão] que ainda há capacidade para contentar os sindicatos. Ainda a procissão vai no adro. Até dia 27 ainda há muito a fazer", acrescentou, numa alusão à data da votação na generalidade, no parlamento, da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2022.