Economia

Bloco de Esquerda quer clarificar que barragens têm de pagar IMI

Catarina Martins insiste que EDP pague o imposto de selo ao Estado após a venda de seis barragens no Douro há dois anos: "O que nós queremos fazer é acabar com quaisquer desculpas".

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O Bloco de Esquerda propôs esta segunda-feira um projeto para clarificar que as barragens devem pagar IMI. Catarina Martins insistiu que a EDP deve pagar o imposto de selo ao Estado, depois da venda de seis barragens no Douro há dois anos.

"O que nós queremos fazer é acabar com quaisquer desculpas e clarificar na lei que as barragens são propriedade das empresas e, portanto, têm de pagar IMI. De tal forma são propriedade das empresas que houve uma empresa - que é a EDP - que as vendeu a outra e, portanto, toda a gente compreende que só se vende uma coisa que é sua. Caso contrário esse negócio teria sido impossível", explicou.

O projeto de lei dá esta segunda-feira entrada no Parlamento.

Apesar de entender que a lei já permite a cobrança do Imposto Municipal sobre Imóveis às barragens, de acordo com a deputada do BE esta clarificação é "para que se faça justiça".

"Justiça em relação ao país, limitando o privilégio da EDP, mas sobretudo justiça para com as autarquias a quem esta receita é devida", afirma.

“Não há nenhuma razão para que não se cobre o IMI pelas barragens”

Recordando que não é a primeira vez que o BE avança com um diploma com este objetivo, Mariana Mortágua afirmou que o partido nunca conseguiu a sua viabilização.

"No entanto, a pressão aumenta à medida também que os municípios afetados pelas barragens, e que têm perdido esta receita fiscal, vão reivindicando esse direito", considera.

Segundo a deputada bloquista, "não há nenhuma razão técnica, lógica ou política para que não se cobre o IMI pelas barragens".

"O facto de haver uma ação concertada por parte também da autarquia de Miranda de Douro, com apoio de movimentos de cidadãos, como o movimento Terra de Miranda, pode criar um contexto em que o PS reconheça o óbvio que é que o IMI deveria estar a ser cobrado à EDP e à Engie", desafiou.

O processo fiscal sobre a venda das barragens da EDP à Engie

Mariana Mortágua acrescentou ainda que, "em paralelo a esta incapacidade ou falta de vontade da Autoridade Tributária de cobrar este IMI, corre um processo fiscal sobre a venda das barragens da EDP à Engie sem pagamento dos impostos devidos".

"Um processo que está hoje a ser investigado pelo Ministério Público, pela própria Autoridade Tributária, adensando as questões relativas a este negócio e à situação de privilégio em que se encontram estas grandes elétricas a quem é dispensado o pagamento de impostos, claramente uma vantagem que poucas empresas e cidadãos têm em Portugal", observou.

No projeto de lei para a "sujeição a IMI dos edifícios e construções de barragens e centrais produtoras de energia", os bloquistas referem que "reconhecendo a justiça da reivindicação dos autarcas e cidadãos de Miranda do Douro, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda vem propor uma clarificação das regras do IMI, eliminando quaisquer dúvidas quanto à sua incidência".

"Assim, sujeitam-se os edifícios e construções de barragens e centrais produtoras de energia que se encontrem na titularidade de empresas privadas em regime de concessão pelo Estado ao pagamento do IMI, que constitui uma legítima receita das autarquias da região", acrescentam.