Começou a ser comercializada esta segunda-feira a nova série de Certificados de Aforro. A série E foi suspensa e é agora substituída pela série F que oferece uma taxa de juro mais baixa, de 2,5%, com um prazo máximo de 15 anos. Estes novos Certificados de Aforro podem ser feitos também nos balcões dos bancos, e não apenas nos CTT e nos espaços do cidadão. José Gomes Ferreira não tem dúvidas de que esta alteração "deu muito jeito à banca" e explica de que forma esta e outras situações obedecem ao “verdadeiro lóbi dos bancos”.
As mudanças nos Certificados de Aforro, deram “muito jeito à banca” e podem ter sido antecedidas por negociações que “não são feitas em rondas, como acontece com os sindicatos, basta um jantar ou um encontro no golf e combinam-se umas coisas”, diz José Gomes Ferreira, realçando, contudo, que mesmo que não tenha havido essa negociação, como garante o secretário de Estado das Finanças, “claramente, sem dúvida nenhuma que foi da maior conveniência para os bancos portugueses que vivem numa situação altamente confortável”.
Ainda que não haja qualquer ilegalidade nas mudanças verificadas nos Certificados de Aforro, esclarece que “do ponto de vista do funcionamento dos mercados, não há aqui nenhuma ilegalidade, serve os dois lados, mas obviamente que o aforrador tem aqui menos uma possibilidade de investir que é injusta face à expectativa que tinha sido criada”.
“Porque é que um cidadão não pode comprar Títulos do Tesouro"
José Gomes Ferreira lança ainda uma questão que considera que considera ser demonstrativa do poder do setor bancário.
“Porque é que um cidadão não pode comprar Títulos do Tesouro, com taxa fixa de 3%, que é a situação no mercado neste momento, livremente e como quiser? Só determinados bancos o podem fazer, é um clube restrito (…) Aqui é que está o verdadeito lóbi dos bancos… Nenhum Governo me explicou isso até agora."
O Presidente da República pediu aos bancos que se esforcem um pouco mais no que diz respeito aos depósitos. José Gomes Ferreira diz que “é evidente que os depósitos devem ser mais bem remunerados, não existe uma obrigação legal, existe uma obrigação social, moral, ética”.
Acusa ainda os bancos de “demasiada ganância”, de cobrarem comissões elevadíssimas e considera inadmissível que tenha de ser o Parlamento a regular o setor bancário, em vez de ser a banca a autorregular-se.