Afeganistão

Grupo de mulheres num raro e corajoso protesto em Cabul

Promessas de novo regime encarados com ceticismo.

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Os talibãs prometem paz e estabilidade, mas o medo prevalece no Afeganistão. Enquanto milhares de afegãos tentam sair do país, a esmagadora maioria da população procura ajustar-se a uma nova realidade.

As promessas de paz feitas pelo grupo, que nas últimas décadas foi responsável por algumas das maiores atrocidades cometidas no Afeganistão, são encaradas com desconfiança por muitos setores da sociedade afegã, sobretudo pelas mulheres.

Num raro e corajoso protesto público, este grupo manifestou-se esta terça-feira em Cabul contra os talibãs. Apesar das mulheres estarem ainda muito ausentes do quotidiano, aos poucos, a normalidade impõe-se nas ruas de Cabul.

Reabrem lojas e mercados, onde os preços muito inflacionados reflectem o medo latente e outros problemas estruturais, agravados por uma seca sem precedentes. Um pacote de farinha pode custar quase 20 euros, diz um residente da capital. Outros bens essenciais estão igualmente fora do alcance da esmagadora maioria da população.

Metade dos 30 milhões de afegãos vive abaixo da linha de pobreza e precisa urgentemente de ajuda.

Fora de Cabul, a situação é ainda mais grave, mas é na capital que o olhar da comunidade internacional está concentrado e os talibãs procuram mostrar para as câmaras que mudaram nas últimas duas décadas.

A cidade onde se temia um banho de sangue parece respirar de alívio, apesar da ominipresença das armas e dos militantes islâmicos que patrulham as ruas e impõem uma nova ordem.