O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, rejeita que a presença militar no Afeganistão nos últimos 20 anos tenha sido em vão, com o regresso dos talibãs ao poder, e afirma que o respeito pelos direitos humanos vai definir as relações futuras da comunidade internacional com o país.
“Creio que se terão lançado algumas sementes para o futuro, desde logo tivemos durante 20 anos raparigas afegãs a frequentar a escola, toda uma geração que teve oportunidades que se vão refletir nas suas vidas e na vida do país. O regresso dos talibãs ao poder é um cenário que nos preocupa profundamente, contudo, para nós, comunidade internacional, é fundamental que os direitos humanos sejam respeitados e que o Afeganistão não seja uma base para o terrorismo”, afirma o governante.
Os talibãs conquistaram Cabul no domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.
Face à brutalidade e interpretação radical do Islão que marcou o anterior regime, os talibãs têm assegurado aos afegãos que a "vida, propriedade e honra" vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.
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