Em Glasgow, na Irlanda, decorre a cimeira do clima COP26. Na SIC Notícias, Mariana Gomes, ativista pela justiça climática e membro do grupo Climáximo, afirma não ter grandes expectativas sobre os resultados práticos desta cimeira, considerando que “a COP foi criada para falhar”.
“Neste momento, já sabemos o que esperar da COP26, que é exatamente o que já esperamos desde a primeira COP – que é mais velha do que eu. A COP vai falhar porque a COP foi criada para falhar. Já 121 países declararam quais são as suas propostas para cortar emissões e, essas propostas, de acordo com os cientistas, equivalem a um aumento de 2,7ºC até 2100. Mais uma vez não cumpre o Acordo de Paris que, tal como as COP, foi definido para falhar. A minha expectativa é que será um belo teatro”, afirma a ativista.
Mariana Gomes sublinha que não está a ser discutida “a maior causa das alterações climáticas, que são os combustíveis fósseis”.
“Os combustíveis fósseis têm de acabar, é necessário fazer uma transição energética, é necessário ajudar os países menos desenvolvidos e mais pobres a adaptar-se contra os fenómenos climáticos e é necessário reparar historicamente os povos e culturas que foram atingidos pelas alterações climáticas e que não têm qualquer responsabilidade sobre a crise climática.”
Com base nos alertas feitos pelos cientistas, de que é necessário cortar 55% das emissões de gases de estufa até 2030, a ativista critica o que chama de “mercantilização do carbono”, um sistema em que “os países mais ricos vão emitir” carbono nos países mais pobres, “para depois não contabilizarem para os seus próprios países”. “Enquanto continuarmos a fazer isso, não vale a pena falar de carbono porque o carbono trata-se de um mercado”.
A jovem admite que acreditava que as manifestações juvenis pelo clima pudesse ter impacto nos decisores políticos e critica a falta de planeamento para a transição energética em Portugal. Como exemplo, lembra o encerramento da refinaria de Matosinhos, que levou para o desemprego centenas de trabalhadores. “O nosso Governo não tem qualquer plano para estes trabalhadores e para estas infraestruturas”, remata.
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