Depois do caminho para parar a desflorestação até 2030, a redução nas emissões do metano foi novo sinal de que a COP26 não será, afinal, mais uma frustração cheia de discursos ocos e promessas vazias.
Segue-se o financiamento da descarbonização: como vão os países em desenvolvimento receber as ajudas dos mais ricos?
1.“ALGO DIFERENTE ESTÁ A ACONTECER”
A procissão ainda vai no adro e o essencial do que poderá sair da COP26 está por acontecer. Os discursos dos primeiros dias confirmaram os receios dos líderes – mas também sinalizaram vontades comuns de avançar. Falta saber se à vontade poderão seguir-se os atos concretos.
O Enviado Especial do Presidente Joe Biden para o Clima, John Kerry, acredita que "algo diferente está a acontecer", neste arranque da COP26. “Mais envolvimento dos líderes mundiais e um sentido comum de urgência que até agora ainda não tinha visto”, comentou Kerry, em entrevista a Christiane Amanpour, na CNN. "Acredito que vamos apresentar níveis recordes de ambição", insistiu o ex-Secretário de Estado de Obama e antigo candidato presidencial democrata.
Kerry disse acreditar que é possível atingir a meta que os líderes mundiais acordaram na COP21 em 2015 – os objetivos do Acordo de Paris - de manter o aquecimento global bem abaixo de 2 graus Celsius e, se possível, 1,5 graus Celsius. "Se as pessoas fizerem o que definiram como seus planos específicos, sim. É difícil? Sim, é muito difícil. É muito difícil, mas é melhor apontar para aí. É melhor fazer disso o nosso grande objetivo”.
2. CORTE DE 30% DO METANO ATÉ 2030
O Presidente dos EUA, Joe Biden, lançou a proposta de corte de 30% das emissões de metano até 2030. A América quer liderar um esforço global que junta 103 países, no sentido de baixar em 30 pontos percentuais até ao final da década a bitola de 2020.
A China, a Índia e a Rússia não se juntaram ao apelo de Biden. Ainda que o metano se decomponha com relativa rapidez na atmosfera, é um gás de efeito estufa mais potente do que o dióxido de carbono (representará cerca de 25% do aquecimento global do planeta).
Durwood Zaelke, especialista do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas, tinha apontado em agosto: “Reduzir as emissões de metano é a nossa maior oportunidade de desacelerar o aquecimento global entre o tempo presente e ano 2040”.
3. “MOMENTO PARIS” PARA AS FLORESTAS
O compromisso para terminar a desflorestação até 2030, o ponto forte até agora da COP26, pode vir a revelar-se uma espécie de “Momento Paris” do megaevento de Glasgow.
A ideia é de Yadvinder Malhi, professor de ciência do ecossistema na Universidade de Oxford, citado no “The Guardian”: “Em Paris, em 2016, os líderes mundiais comprometeram-se a reconhecer o conceito de líquido zero, a traçar uma linha na areia em torno da quantidade de gases de efeito estufa que podem ser libertados na atmosfera. Agora, em Glasgow, os líderes comprometeram-se com uma aspiração semelhante de desmatamento e degradação da terra, para parar e começar a reverter o processo até 2030.”
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