Cimeira do Clima

Opinião

Análise COP26: de exploradores a jardineiros

Boris Johnson, na pele de anfitrião, teve uma das imagens mais felizes: “temos que deixar de ser os exploradores do planeta para passarmos a ser os jardineiros da Terra”. Greta Thunberg partiu a loiça e denunciou: “Greenwashing!”, é o que muitos líderes estão a fazer na COP26. Será mesmo?
Análise COP26: de exploradores a jardineiros
ROBERT PERRY

1. “GERAÇÕES FUTURAS NÃO NOS PERDOARÃO SE FALHARMOS ”

Boris Johnson, como PM britânico, é o anfitrião desta COP26 em Glasgow. Tem sido dos mais empenhados em se encontrarem solução de consenso para problemas de rutura. E subiu o tom do desafio, pelo menos na retórica: “As gerações futuras não nos vão perdoar se falharmos”. Enfatizou o foco na responsabilidade da iniciativa privada para diminuir a emissão de gases poluentes. E apontou a chave para se seguir em frente: envolver o mercado na descarbonização, tornando este processo ambiental num negócio atrativo.

Numa das imagens mais felizes até agora utilizadas sobre o tema, exortou: “Temos que deixar de ser os exploradores do planeta para passarmos a ser os jardineiros da Terra”.

2. A FÚRIA DE THUNBERG

“Greenwashing!”, acusa Greta. A jovem ativista sueca abandonou, furiosa, em evento na COP26 com Mark Carney, enviado das Nações Unidas para o Clima e também representante de grandes petrolíferas para os novos mercados do carbono, acusando os responsáveis da cimeira do clima de incentivarem o branqueamento das marcas e das empresas poluidoras.

Greta participava numa sessão sobre descarbonização da economia, mas saiu de tal modo revoltada que, mais tarde, escreveu que tal não passou de uma “limpeza” financiada pelo setor privado, para permitir que os que maiores poluidores continuem a fazê-lo de forma impune. Será mesmo esta a atitude indicada para manter os responsáveis sob escrutínio?

3. “O FIM DO CARVÃO ESTÁ À VISTA”

Mais de quatro dezenas de países juntaram-se à maior aliança internacional com o objetivo de eliminar progressivamente o carvão das políticas energéticas. Um deles é a Ucrânia, detentora do terceiro maior parque industrial dependente deste recurso energético, depois da Alemanha e à Polónia. China, EUA e Austrália ficam para já de fora.

Além dos mais dos mais de 40 países que se comprometeram, nesta COP26, com a eliminação do carvão, mais de uma dezena de instituições financeiras farão parte desta aliança.

O secretário de Estado britânico para a Energia e Negócios, Kwasi Kwarteng, afirmou que “o fim do carvão está à vista”. “O mundo está a avançar na direção certa, pronto para selar o destino do carvão e abraçar os benefícios ambientais e económicos de construir um futuro alimentado e energia limpa”, comentou à BBC o membro do governo Boris Johnson.