1. “NET ZERO DIARIES”
Dar igual sentido de urgência ao desafio climático do que o que foi dado ao combate à COVID-19 no início da pandemia – é essa a recomendação de relatório da consultora Britain Thinks, feito a propósito da COP26, no sentido de examinar atitudes que possam tornar viável o caminho para a neutralidade carbónica. Os “The Net Zero Diaries” identifica amplo apoio à nacionalização e ceticismo sobre o papel do setor privado.
Um participante no trabalho, citado pelo “The Guardian”, observou: “Quando o governo (britânico) quis ser proativo na redução das mortes Covid ... eles adotaram uma [abordagem] proativa e comprometida. Quem pagou por isso? O governo”.
De acordo com o relatório, Boris Johnson e o seu secretário de Negócios, Kwasi Kwarteng, terão visto na reação à pandemia um exemplo para que se adote uma abordagem mais radical em direção às “net-zero emission”. Fonte próxima do PM britânico avançou ao “The Guardian” ambos refletiram sobre os danos que eventos catastróficos poderiam causar na economia e usaram esses argumentos para defender maiores salvaguardas contra eventos climáticos.
2. PRIORIZAR ESCOLHAS DIFÍCEIS
Esta COP26 apresenta quatro objetivos que implicam, cada um deles, um conjunto de medidas muito difíceis de concretizar. Todos eles têm a ver com a ideia geral da transição energética. Os primeiros dias bastaram para nos lembrar que, a nível global, essa transição está a ser feita de modo profundamente assimétrico.
Só com a ajuda dos mais ricos os países mais pobres poderão recuperar algum caminho – e sem fazerem esse caminho poderão ficar irremediavelmente para trás. Biden tem insistido na tese de que o desafio climático pode proporcionar uma oportunidade económica – desde que a transição energética seja feita de forma proveitosa.
O primeiro passa por fazer uma transição para os carros elétricos; o segundo pela aceleração do fim da utilização da energia a carvão; o terceiro prevê garantir uma maior proteção das pessoas mais vulneráveis aos impactos das alterações climáticas, como o financiamento de sistemas de defesa costeira; e ainda fará sentido lançar, num quarto plano, o tema do nuclear como energia não poluente.
O relatório do IPCC é claro sobre as escolhas difíceis que todos temos que assumir: "Mudar a forma como produzimos e consumimos energia, a forma como produzimos os bens industriais, a forma como nos movemos, a forma como nos aquecemos, a forma como comemos".
3. O PLANO ESQUISITO PARA A AUSTRÁLIA ATINGIR A NEUTRALIDADE CARBÓNICA
O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, garante estar “fortemente comprometido” com o objetivo da neutralidade carbónica por 2050, mas entidades independentes ao governo de Camberra estranham que o “plano” apresentado não tenha detalhes nem qualquer modelização.
A oposição trabalhista também torce o nariz e fala numa “fraude” e num suposto “wishful thinking” do PM australiano. Morrison diz que vai apostar nas virtudes da tecnologia. Mas até agora ainda não foi capaz de avançar para os pormenores.
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